O compositor japonês Ryuichi Sakamoto morreu aos 71 anos. Em 1987, ganhou um Óscar com a banda sonora do filme “O Último Imperador”. Ao longo de uma carreira cujo início remonta aos anos 70, colaborou com nomes como David Sylvian, Caetano Veloso e Rodrigo Leão
Morreu o músico japonês Ryuichi Sakamoto. Tinha 71 anos e sofria de cancro.
A notícia é avançada pela agência Reuters, que cita a imprensa japonesa. Representantes do músico confirmam que Sakamoto, que sofria de cancro, faleceu na passada terça-feira.
“Enquanto se submetia a tratamentos para um cancro descoberto em junho de 2020, Ryuichi Sakamoto continuou a trabalhar, sempre que a sua saúde o permitia. Viveu com a música até o fim”, refere o comunicado. O resultado desse último trabalho, efetuado no estúdio caseiro do músico, pode ouvir-se em “12”, o seu derradeiro álbum, lançado em janeiro.
A carreira de Sakamoto tem início no final dos anos 70, nos Yellow Magic Orchestra (YMO), com Haruomi Hosono e Yukihiro Takahashi (falecido em janeiro), banda seminal do pioneirismo na música eletrónica. O grupo terminou em 1984, tendo regressado apenas para reuniões ocasionais, e foi a partir daí que Sakamoto se notabilizou como artista a solo, nomeadamente na composições de bandas sonoras. Ganhou um Óscar pela banda sonora do filme “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci, em 1987.
Quatro anos antes, surgia no cinema no filme “Feliz Natal, Mr. Lawrence”, de Nagisa Oshima, ao lado de David Bowie. É, porém, pela banda sonora do filme de 1983 que é lembrado, nomeadamente o tema ‘Forbidden Colours’, cantado por David Sylvian, um dos primeiros trabalhos deste após o fim dos Japan.
Ao longo de uma carreira de quase 50 anos, colaborou também com nomes como Alva Noto, Bill Laswell, Iggy Pop, Caetano Veloso e o português Rodrigo Leão (‘António’, derradeira canção do álbum de 2004 de Leão, “Cinema”).
Em dezembro, transmitiu em streaming um espetáculo que se afigurou com o último da sua carreira. Nele, Sakamoto interpretou 13 composições, assim como música do disco que seria editado em janeiro. Devido à fragilidade física, o autor da banda-sonora de “O Último Imperador” tocou uma peça de cada vez, ao piano, sendo o resultado final editado.
Sakamoto era também ativista pelo ambiente, tendo apoiado o movimento antinuclear após a tragédia na central japonesa de Fukushima. Ultrapassou um cancro da garganta, que lhe fora diagnosticado em 2014, mas sucumbiu a um cancro do intestino incurável. O funeral irá respeitar “os fortes desejos” de Sakamoto, menciona-se em comunicado, com a presença apenas da família.
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