
Sam Smith diz-se mais livre do que nunca, mas em “Gloria”, o quarto e novo álbum, perde-se entre a vontade de agradar às massas e falar-lhes ao coração
Sam Smith diz-se mais livre do que nunca, mas em “Gloria”, o quarto e novo álbum, perde-se entre a vontade de agradar às massas e falar-lhes ao coração
Ser uma estrela pop em 2023 não deve ser tarefa fácil. Talvez nunca tenha sido, mas os constantes desafios dos algoritmos do streaming e das redes sociais, e o escrutínio constante dos fãs vieram adicionar peso às óbvias exigências pessoais e de uma indústria sempre pronta para deixar artistas para trás na sua busca incessante pela próxima grande figura — mais do que, por vezes, da próxima grande voz. Quando Sam Smith se apresentou ao mundo, há 11 anos, com o sucesso ‘Latch’, uma parceria com a dupla eletrónica Disclosure, as coisas talvez fossem mais simples, e rapidamente confirmou que não só era uma figura carismática como tinha uma força vocal capaz de sustentar as expectativas que, de um momento para o outro, recaíram sobre si. “In the Lonely Hour”, o álbum de estreia, só chegaria praticamente dois anos depois, mas o burburinho em seu redor foi-se avolumando com o sucesso das baladas (des)apaixonadas e carregadas de alma ‘Stay with Me’ e ‘I’m Not the Only One’, que, num piscar de olhos, extravasaram as fronteiras do seu país de origem, Inglaterra.
Como seria expectável, “In the Lonely Hour” tornou-se um excelente cartão de visita para Smith, tendo vendido milhões de exemplares em termos globais e escalado aos lugares cimeiros dos tops da Austrália, Estados Unidos, Rússia, Brasil, África do Sul ou, claro, Reino Unido. Subir tão alto logo ao primeiro álbum poderia significar um grande tombo, coisa que não aconteceu de forma óbvia, mas é impossível ignorar que o seu crédito foi decaindo, aos poucos, ao longo da última década: nenhum dos subsequentes álbuns teve o sucesso do primeiro e, até 2022, as únicas canções que conseguiram furar verdadeiramente, e ficar-nos na memória, foram ‘Writing’s on the Wall’, escrita para a banda sonora do filme de James Bond “007 Spectre” (2015), e ‘Dancing With a Stranger’, dueto certeiro com Normani, incluído como tema bónus no seu terceiro álbum, “Love Goes”, que, ainda assim, teve vendas bastante modestas.
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