18 dezembro 2022 22:23

Ao terceiro álbum, Christine and the Queens reapresenta-se como Redcar
Assumindo agora o pronome ‘ele’, o líder de Christine and the Queens gravou “Redcar les Adorables Étoiles” em apenas duas semanas. Encontrou uma grande arma: a autoprovocação
18 dezembro 2022 22:23
Escrever e gravar um álbum em apenas duas semanas pode ter consequências desastrosas para um artista, mas esse movimento arriscado também pode refletir um rasgo de génio. “Redcar Les Adorables Étoiles (Prologue)”, o terceiro longa-duração de Christine and the Queens, assinado pelo alter ego Redcar, não tomba propriamente para um lado ou para o outro. Apresentado como primeiro momento de um projeto mais ambicioso, que deverá ter um novo capítulo já no próximo ano, o disco traz consigo algumas das canções mais intransponíveis de um percurso marcado, desde o início, por uma vincada paixão pela música pop, pendendo aqui para o seu lado mais sombrio. Logo na estreia, “Chaleur Humaine”, o artista francês (de há um ano a esta parte, assume o pronome ‘ele’) estraçalhou todas as expectativas que poderiam recair sobre si, cruzando as fronteiras do país de origem para se tornar um nome de primeira linha um pouco por toda a parte. Oito anos volvidos, e depois de um magnífico “Chris” (2018) e de uma série de colaborações, com Charli XCX, Mura Masa ou 070 Shake, reapresenta-se com um disco maioritariamente cantado em francês e coproduzido com Mike Dean, um dos mais requisitados produtores norte-americanos do momento. Lidando com questões tão duras quanto a morte inesperada da sua mãe, em 2019, ou a dor que fica quando uma relação termina, “Redcar Les Adorables Étoiles (Prologue)” é, na mesma medida, um exercício de confiança e o abraçar de uma vulnerabilidade que nasce de um processo ativo de autodescoberta.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.