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Nick Cave: "Sou de uma geração em que os músicos tinham a obrigação moral de ofender as pessoas"

Nick Cave no MEO Kalorama 2022
Nick Cave no MEO Kalorama 2022
Rita Carmo

“Deus nos ajude se a arte for feita apenas por pessoas virtuosas e cheias de empatia”, acredita Nick Cave, para quem a tendência de denunciar artistas pelo seu comportamento duvidoso está a gerar muita “arte aborrecida”

Na sua longa entrevista ao “New York Times”, Nick Cave abordou os temas da transgressão na arte e da forma como a obra dos artistas “problemáticos” é interpretada pelo público.

“É evidente que há uma correlação entre criatividade e transgressão”, afirma o músico australiano, que este mês atuou em Lisboa, no festival MEO Kalorama. “Não é por acaso que, muitas vezes, os maiores músicos são personagens problemáticas. Compreendo quem tenha uma opinião diferente sobre isto, mas eu sou de uma geração em que os músicos tinham a obrigação moral de ofender as pessoas. É por isso que fazemos o que fazemos: causamos dissonância e disrupção.”

Nick Cave confessa que acha “cansativa” a tendência de “denunciar" artistas que tiveram comportamentos duvidosos na sua vida pessoal. “O motivo parece passar pela justiça e misericórdia, mas as armas que usamos para tal são a injustiça e a falta de misericórdia. É muito desconfortável de ver”, diz. “E é evidente que [esta tendência] está a gerar muita arte aborrecida, arrogante e dotada de uma moralidade duvidosa.”

Noutra resposta, o timoneiro dos Bad Seeds insiste: “Deus nos ajude se a arte for feita apenas por pessoas virtuosas e cheias de empatia.”

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