Blitz

O novo bater do coração de Londres num presente plural: a receita do primeiro álbum dos Kokoroko

28 agosto 2022 12:48

Rui Miguel Abreu

Depois de vários temas avulso, “Could We Be More” é o primeiro álbum dos britânicos Kokoroko

Os britânicos Kokoroko olham para os diferentes momentos da história da música negra como pontos cardeais que os ajudam a encontrar o seu lugar no presente. "Could We Be More" é um auspicioso álbum de estreia

28 agosto 2022 12:48

Rui Miguel Abreu

Antes mesmo de se escutar uma nota que seja, olhando apenas para as suas fotografias, há um detalhe que salta imediatamente à vista: os Kokoroko são oito pessoas negras, três delas mulheres, quase sempre posicionadas na dianteira. E isso, em 2022 ou em qualquer outro momento do jazz continuum, é poderoso. O coletivo, alinhado com o efervescente caldeirão de jazz londrino, nasceu numa estadia em Nairobi, no Quénia, quando a trompetista e líder Sheila Maurice-Grey e o percussionista Onome Ighamre Edgeworth perceberam que a radical invenção de uma música africana moderna resultante da criativa tensão gerada, por um lado, pela exaltação das raízes culturais do continente no período pós-colonial e, por outro, das múltiplas influências recolhidas pelas diferentes diásporas — e que resultaram em novas sonoridades, como o afrobeat da Nigéria, o highlife do Gana, o ethio-jazz da Etiópia ou o benga do Quénia — estava a ser preservada, quase exclusivamente, por uma comunidade de músicos e públicos brancos sem qualquer tipo de ligação às culturas de onde essas músicas originalmente emanavam.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.