Ana Soromenho

Ana Soromenho

Jornalista

Cheguei ao Expresso em meados dos anos 90 e subi até ao terceiro andar do número 37 da Duque de Palmela num elevador de 1902 de vidro e madeira onde só cabiam três pessoas. A redação, muitas salas pequeninas com porta fechada, cheirava sempre a fumo e até no arquivo, onde havia quilos e quilos de papel e gavetas cheias de fotografias, se podia fumar. O arquivo era o nosso Google. Hoje tudo isto pertence a um passado tão longínquo como a travessia do Atlântico por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Mas o principio mantém-se. Aprender, aprender sempre. Ouvir, confirmar. Nunca partir para um trabalho com juízos ou certezas absolutas. Viajar na escrita. O maior privilégio desta profissão é poder andar e escutar o mundo. Seja no nosso bairro, seja noutro lugar.