Fundos de investimento

Cimpor e Sonae Indústria na mira dos fundos

9 julho 2010 9:50

Luís Caleira Marques (www.expresso.pt)

Em junho, os gestores dos fundos que investem em ações nacionais apostaram em força na Cimpor e na Sonae Indústria, reduzindo a sua exposição à Brisa.

9 julho 2010 9:50

Luís Caleira Marques (www.expresso.pt)

Os últimos meses da bolsa portuguesa têm sido palco de emoções relacionadas com ofertas de aquisição e tentativas de compra de posições estrangeiras de companhias nacionais, mas para o banco norte-americano JPMorgan até podia haver mais agitação no mercado português, já que Cimpor, Soares da Costa, Teixeira Duarte e Sonae poderiam estar envolvidas em processos de aquisição e fusões, segundo a instituição.

A Cimpor, cimenteira portuguesa que foi alvo de uma OPA (oferta pública de aquisição) falhada no final de 2009, viu os gestores dos fundos de investimento em ações nacionais apostarem forte na companhia em junho, segundo os números da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Banif Acções Portugal, Caixagest Acções Portugal, Espírito Santo Portugal Acções e Millennium Acções Portugal aumentarem o número de ações detido enquanto o BPI Portugal e o Santander Acções Portugal, que não possuíam ações da empresa em maio, decidiram acompanhar a evolução da ação.

As compras dos fundos surgem numa altura em que foram relevadas melhorias ao nível dos resultados operacionais e dos lucros o que pode ter contribuído para que nenhum fundo tenha vendido ações da empresa. Destes seis fundos os maiores investimentos foram feitos pelo BPI, com 171 mil ações, Millennium, com 143 mil e pelo Santander, com 109 mil.

Sonae Indústria entre as preferidas

Na lista de reforços dos fundos em maio, a segunda posição é ocupada pela Sonae Indústria e a terceira pelo Banco Comercial Português (BCP). Os gestores dos fundos do Banif, Caixagest, Espírito Santo e Millennium reforçaram a sua exposição à empresa produtora de painéis derivados de madeira, não tendo qualquer gestor decidido reduzir a sua exposição à empresa. No que diz respeito ao BCP, os fundos do Banif, Barclays (Barclays Premier Acções Portugal), Espírito Santo e Millennium adquiriram ações do banco.

No entanto, os gestores dos fundos da Caixagest e do Santander não partilham do mesmo sentimento que os dos quatro fundos que reforçaram a posição e decidiram reduzir a sua posição no capital da empresa, numa altura em que muito se fala sobre a falta de liquidez. Os maiores investimentos na Sonae Indústria foram efetuados pelo Millennium, que adquiriu 140 mil ações e pela Caixagest que reforçou em 100 mil o número de ações detidas. Em relação ao BCP embora tenha havido mais fundos a comprar do que a vender, o total de ações detidas pelos fundos diminuiu dado que enquanto as compras atingiram as 650 mil ações, as vendas totalizaram 3,75 milhões de ações.

As menos desejadas

A Portugal Telecom (PT) após ter sido alvo de um reforço em massa no mês passado, foi agora vendida em massa, deixando os gestores transparecer que as possibilidades de ganhos que existiram com a oferta pela Vivo já não se verificam. Os fundos do Santander, Caixagest, BPI, Barclays e Millennium reduziram a sua exposição à operadora de telecomunicações, tendo o Banif vendido a totalidade das ações que detinha. A ir contra a maré estiveram os fundos Alves Ribeiro Médias Empresas Portugal e Espírito Santo Portugal Acções, ao adquirirem ações da empresa. A maior venda ocorreu por parte do Santander, que se desfez de mais de um milhão de ações.

Uma outra ação que foi vendida pelos gestores de fundos de acções portuguesas foi a Brisa. A concessionária de autoestradas foi vendida pelos fundos do Santander, BPI, Espírito Santo, Barclays, Millennium e Banif, tendo sido verificado apenas um aumento do número de ações em carteira, por parte da Caixagest. Embora isto possa sugerir uma grande diminuição da quantidade de ações detidas pelos fundos, o facto é que a Caixagest comprou 135 mil ações enquanto os seis fundos juntos venderam 175 mil, diminuindo apenas em 40 mil o número de ações no total das carteiras "fundistas". Além destas, quatro ações foram, ainda, vendidas por cinco fundos sendo elas a Altri, a EDP, a Galp e a Sonae.