19 março 2013 16:30

Jorge Gonçalves na noite em que derrotou António Simões e António Figueiredo e subiu à presidência do Sporting
arquivo a capital/gesco
As eleições de 1988 foram as mais concorridas de sempre no Sporting. Jorge Gonçalves, que prometera craques atrás de craques, ganhou. Mas a campanha teve perseguições e noites a acabar... na esquadra.
19 março 2013 16:30
Jorge Gonçalves deu o mote: "Para mudar é preciso votar, vamos dar-lhes um bigode!". O empresário, antigo campeão de vela, apostou tudo nas eleições do Sporting de 1988, as segundas com mais do que um candidato no clube. O mandato de Amado Freitas, sucessor de João Rocha, não correu da melhor forma. Pedia-se uma viragem no rumo do clube. Que virou, para pior. E com muitas histórias que quase davam um filme.
Muito antes das eleições, Jorge Gonçalves já fazia campanha. Como, por exemplo, na chegada a Lisboa de Frank Rijkaard, o holandês que seria apenas "a unha do mindinho do novo Sporting". Depois, mais tarde, quando o jogador acabou por não ser inscrito, "tudo era uma palhaçada, um filme de ficção científica", mas havia mais promessas para anunciar: o guarda-redes Rodolfo Rodríguez, os médios Douglas, Carlos Manuel ou Silas e o avançado Eskilsson. Só que, entretanto, outro candidato na corrida: António Simões, na altura "o homem do Braz&Braz".
As duas listas assumiam claramente a rutura com o passado. Tanto que Gonçalves chegou mesmo a dizer que se tratava de "uma luta entre o sangue verde dos sócios e o sangue azul dos camarotes". Mas surgiu uma terceira, do tenente-coronel António Figueiredo, associada à... continuidade. A partir daí, assistiu-se a um pouco de tudo.
Após um jogo em Alvalade, António Figueiredo (e outro elemento do seu staff) foi perseguido por apoiantes de Jorge Gonçalves; mais tarde, pessoas alegadamente associadas ao tenente-coronel terão sido apanhadas a fazer um assalto aos ficheiros que continham as moradas de todos os sócios do Sporting e, após uma grande confusão, foram parar à esquadra mais próxima (Telheiras) já de madrugada. Pelo meio, houve o primeiro debate com honras de transmissão televisiva.
Na hora da verdade, em junho, 17093 sócios fizeram uma autêntica romaria ao pavilhão leonino - na altura, foi um recorde nacional - e deram a vitória a Jorge Gonçalves por 63,4%, contra apenas 21,6% de António Simões e 14,9% de António Figueiredo. No entanto, o reinado foi curto: um ano depois, o Sporting ia outra vez a votos...