ARQUIVO Desporto - Tribuna

Morreu Mário Coluna

25 fevereiro 2014 17:49

Pedro Candeias com Raquel Pinto

Antiga glória do Benfica faleceu hoje em Moçambique aos 78 anos. 

25 fevereiro 2014 17:49

Pedro Candeias com Raquel Pinto

Mário Coluna não resistiu a uma paragem cardio-respiratória esta manhã, disse ao Expresso uma fonte do Benfica. Reanimado, o antigo internacional do Benfica e da seleção nacional, viria a morrer em Moçambique por volta das 19h (17h de Lisboa).

A ex-glória dos encarnados estava internado no Instituto do Coração, em Maputo, onde deu entrada no domingo com uma infeção pulmomar grave.

"Não é fácil despedirmo-nos de alguém a quem a vida já consagrou entre os maiores", diz Luís Filipe Veira, numa mensagem divulgada esta tarde no site do clube da Luz. 

O presidente retrata Coluna como um "génio que engrandeceu o futebol e projetou o Sport Lisboa e Benfica para uma dimensão mundial". "Dizem que quando nascemos, nascemos todos iguais. Mentira! Coluna nasceu diferente, para melhor, para bem melhor". 

Dos "maiores talentos da sua geração", sublinha Vieira, o seu exemplo "não é apenas património do Benfica, é património do futebol, a pátria onde verdadeiramente Coluna sempre esteve mais à vontade". 

'Monstro Sagrado'

Mário Esteves Coluna nasceu a 6 de agosto de 1935, filho de um português branco (e antigo guarda-redes) da Beira Baixa e de uma moçambicana, no bairro Alto Maé (Lourenço Marques), ali pertinho da Mafalala de onde, anos depois, sairia Eusébio da Silva Ferreira.

Em miúdo, Mário Coluna era tudo aquilo que ele queria ser: pugilista, atleta, saltador em altura, jogador de futebol. Decidiu-se pelo pontapé na bola e foi no Desportivo de Lourenço Marques (a filial do Benfica em Moçambique), do qual o pai era sócio fundador que começou a dar nas vistas.

Na altura, Coluna era um ponta-de-lança goleador, robusto e compacto, cuja fama extravasa as fronteiras moçambicanas. A primeira proposta para uma transferência chegou dali perto, da África do Sul do Apartheid; depois, o FC Porto, porque Carlos Mesquita, treinador do Desportivo, fora jogador dos dragões (90 contos, três épocas); em seguida, o Sporting (100 contos, duas épocas); e, enfim, o Benfica, que igualou os valores dos leões e jogou a cartada sentimental. Os Coluna eram benfiquistas.  

Pelo Benfica, conquistou 10 campeonatos (incluindo na época de estreia), 6 Taças de Portugal e 2 Taças dos Campeões.

O senhor e o Eusébio

Todos nós conhecemos a relação de cumplicidade de Eusébio e Mário Coluna, a quem o primeiro chamava de "Senhor" e tratava - e tratou até ao fim - por "você". Quando Eusébio aterrou na Portela sob o nome de código Ruth, levava uma carta na algibeira escrita pela mãe e dirigida a Coluna: "Mário Coluna peço, por favor, que tome conta do meu filho Eusébio, porque em Portugal não temos ninguém conhecido".  

Foi Coluna quem lhe abriu a primeira conta bancária; foi Coluna o seu padrinho de casamento;  e foi com Coluna que visitou Milão quando o Inter lhe ofereceu mundos e fundos numa transferência abortada.

Data de nascimento: 6 de agosto de 1935, em Lourenço Marques (Moçambique)

Posição: Médio

Clubes: Desportivo Maputo (1952 a 1954), Benfica (1954 a 1970) e Lyon (1971)

Jogos no Benfica: 525

Golos no Benfica: 127

Internacionalizações: 57 (8 golos)

Títulos: 10 campeonatos nacionais (1954/55, 1956/57, 1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68 e 1968/69), 6 Taças de Portugal (1954/55, 1956/57, 1958/59, 1961/62, 1963/64 e 1968/69) e 2 Taças dos Campeões Europeus (1960/61 e 1961/62)