1 fevereiro 2010 12:29
Aquisição do brasileiro Kléber, entretando abortada, negociada à revelia do administrador Fernando Gomes, responsável pelas finanças da FC Porto SAD, foi a gota-de-água que o terá levado a bater com a porta.
1 fevereiro 2010 12:29
Fernando Gomes, responsável pelas finanças dos "dragões" há nove anos, decidiu abandonar em definitivo a FC Porto SAD por discordar dos elevados montantes das recentes contratações de Rúben Micael e de Kléber, negociadas após Pinto da Costa ter declarado não haver "petróleo no Porto" para investir em jogadores.
Com um passivo galopante de mais de €140 milhões de euros, há muito que Fernando Gomes se queixava da política gastadora de gestão da SAD, tendo mesmo circulado o rumor do seu abandono do Conselho de Adminstrição portista no auge da polémica do caso Apito Dourado.
O antigo basquetebolista do FC Porto mantinha relações particularmente difíceis com o Adelino Caldeira, responsável pela estrutura jurídica do clube e administrador muito próximo de Pinto da Costa. O presidente e Adelino Caldeira terão decidido em conjunto, por diversas vezes, aa aquisições de jogadores sem darem conhecimento a Fernando Gomes.
A notícia da saída de Fernando Gomes da SAD começou a circular no Porto na sexta-feira, dia em que a contratação de Kléber ao Cruzeiro, por €5,5 milhões de euros mais 75% do passe de Ernesto Farías (avaliado em mais de €3 milhões de euros), foi comunicada oficialmente à CMVM.
Aquisições incomportáveis
No mercado de Inverno, já depois de Pinto da Costa criticar os gastos de Benfica e Sporting, o FC Porto preparava-se para investir cerca de €12 milhões de euros só em dois jogadores, operação travada por inesperadas reivindicações de Kléber, incomportáveis para os azuis-e-brancos.
O negócio do brasileiro foi conduzido por António Araújo, agente envolvido no caso Apito Dourado, cuja influência crescente no negócio de transferências do FC Porto também não seria olhada com bons olhos pelo administrator demissionário.
Para além do desagrado de ser ultrapassado nas suas funções, Fernando Gomes defrontava-se ainda com a dificuldade de ter de gerir e cumprir orçamentos inflaccionados pela decisão de terceiros.
Fernando Gomes, para além de ser o administrador que mantinha as relações com a banca, era ainda o interlocutor da SAD junto da CMVM, o regulador do mercado de capitais que tem vindo a apertar o cerco às depauperadas contas das SAD dos três grandes, todas em iminente falência técnica.
O Expresso tentou, em vão, contactar com Fernando Gomes.