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Como estão as finanças do Sporting?

18 março 2013 18:05

Bruno Roseiro

De saída do clube, Godinho Lopes deixa o Sporting ainda mais endividado do que quando entrou

manuel de almeida/lusa

Um dos maiores desafios do futuro presidente do Sporting é somar aos apoios que for conseguindo a diminuição dos custos da estrutura, multiplicando receitas novas (ou existentes) e dividindo o peso do passivo.

18 março 2013 18:05

Bruno Roseiro

O vocabulário eleitoral do Sporting, ao contrário do que acontece em quase todos os outros clubes, remete para o universo económico-financeiro. Se, em parte, já era assim em 2011, dois anos depois este léxico prevalece ainda mais em relação a tudo o resto.

Compreende-se: a situação é hoje bem pior do que nas últimas eleições. Ou, por outras palavras, é a mais grave de toda a história do clube. Os 'leões' não ganham o campeonato nacional há 11 anos mas, antes de voltarem sequer a pensar nesse cenário, têm vários pontos por resolver nas finanças do clube. 

1. Garantir 25 milhões de euros até junho - De acordo com os dados fornecidos aos candidatos, existe um diferencial de quase €25 milhões entre as receitas (6,3 milhões de euros) e os custos (31,2 milhões de euros) até junho. Mais: só o dinheiro para ordenados de jogadores da equipa de futebol e IRS é superior a tudo o que será recebido nos próximos três meses. E não é certo que fevereiro seja pago pelo atual elenco, o que poderia ser mais um problema... 

2. Negociar 20 milhões de euros com a banca - Noutro dos pontos da informação prestada, fica claro que esses 25 milhões de euros poderão passar para 45 milhões caso não exista um acordo com a banca (Millenium BCP e BES) quer permita, pelo menos, adiar a liquidação de custos financeiros, pagamentos a fornecedores correntes e de valores ligados com o futebol 

3. Baixar o orçamento em 2013-14 - As receitas sofrerão um ligeiro acréscimo porque, apesar de estarem hipotecadas, os proveitos dos direitos televisivos irão subir de 11 para 15 milhões de euros (a diferença pode entrar na SAD); segundo os atuais responsáveis, estava previsto um orçamento de quase 43 milhões de euros para a próxima temporada (com 46,3 milhões de receitas), valor que terá de baixar e que está ainda condicionado pelo montante gasto em rescisões ou dispensas 

4. Reestruturação da dívida - O Sporting tem um passivo consolidado a rondar os 450 milhões de euros (mais de metade da SAD) e um passivo financeiro de 260 milhões. Neste contexto, mesmo com resultados de exploração positivos, será impossível dispensar muito para pagamento de dívida. Por isso, as negociações com a banca decidirão o futuro do clube e da SAD e há vários cenários: a confirmar-se a vontade do Millenium BCP, a sociedade pode entrar num PER (Plano Especial de Revitalização); caso não seja necessária essa medida tão radical, é possível avançar com uma reestruturação financeira que dê como garantia outros ativos como as quotas do clube, baixe os juros e envolva um perdão parcial de dívida; se o cenário for ainda mais negro do que tem sido traçado, ainda há a hipótese de insolvência ou da refundação, como já foi ventilado... 

5. Entrada de investidores - A entrada de dinheiro fresco na sociedade passou de uma boa medida a uma quase inevitabilidade. A fusão da Sporting Património e Marketing (SPM) com a SAD, decisão que já foi aprovada pelos sócios em assembleia geral, melhorará a situação de liquidez da sociedade que gere o futebol leonino, mas tornou-se fundamental a alienação de parte dos 89% que o clube detém a investidores provavelmente estrangeiros.