Meia dúzia de atletas de elite e poucos bons segundos planos

Balanço português nos Jogos Olímpicos de Pequim

24 agosto 2008 11:33

Com uma medalha de ouro e outra de prata, Portugal alcançou o seu melhor resultado de sempre nos Jogos Olímpicos de Pequim, hoje concluídos, mas a delegação apenas cumpriu metade do objectivo de quatro a cinco medalhas e 60 pontos. (Visite o dossiê dos Jogos Olímpicos).

24 agosto 2008 11:33

Se as medalhas ficaram pela metade do limite inferior do objectivo, os pontos ainda ficaram ligeiramente abaixo, uma vez que Portugal somou 28, resultantes de um primeiro lugar (oito pontos), um segundo (sete), um quarto (cinco), dois sétimos (dois) e quatro oitavos (um).

Os heróis foram Nelson Évora, campeão olímpico do triplo salto, e Vanessa Fernandes, medalha de prata no triatlo, seguidos muito de perto pelo velejador Gustavo Lima, quarto classificado em Laser a apenas um ponto da medalha de bronze.

Os sétimos lugares foram conquistados pela judoca Ana Hormigo (-48 kg) e pelo praticante de taekwondo Pedro Póvoa (-58 kg), este com a particularidade de ter perdido os dois combates que disputou, sem marcar qualquer ponto e ficando ainda com um negativo por penalização.

No dia em que Nelson Évora conquistou o ouro, o próprio presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) reconheceu que os resultados estavam abaixo do esperado e depois disso Portugal não marcou mais qualquer ponto.

"Esperávamos resultados melhores. Ficámos muito longe dos 60 pontos que era o que comprovava que havia melhoria global do desporto português. Já não vai ser possível. O chefe de Missão há-de apresentar o seu relatório e eu o meu à Comissão Executiva (do COP). É preciso reflectir", frisou Vicente Moura.

A classificação oficial dos Jogos Olímpicos é estabelecida em função do quadro de medalhas, sendo os países ordenados em primeiro lugar pelas de ouro, depois pelas de prata e, por fim, pelas de bronze - e não pelo total de galardões.

Mas há uma classificação oficiosa por pontos, atribuídos aos finalistas (de um a oito, partindo do oitavo para o primeiro lugar), que reflecte melhor o nível médio do desporto de um país.

Após Portugal ter conseguido o melhor conjunto de resultados da história em Atenas-2004, duas medalhas de prata, uma de bronze e 44 pontos, Vicente Moura insistiu na meta dos 60 pontos em Pequim por considerar que esta era a "melhor e mais bem preparada representação" nacional de sempre.

"Talvez" a Missão mais bem preparada de sempre

A preparação para Pequim-2008 mostrou, porém, que Portugal tem uma mão cheia de atletas de elite, como Nelson Évora, Vanessa Fernandes, Gustavo Lima, Naide Gomes ou Telma Monteiro -- embora estas duas tenham fracassado na capital chinesa -, mas falta uma retaguarda de nível médio superior que dê consistência à equipa.

Isso fica demonstrado com o facto de terem sido obtidas 30 classificações entre o 21º e o 40º lugares, contra 32 entre o primeiro e o 20º, se bem que algumas incluídas neste lote fossem em competições com menos de 20 atletas, como aconteceu nos trampolins, em que Ana Rente foi 16ª e última.

Portugal conseguiu 14 resultados entre o primeiro e o 10º lugares, 18 entre o 11º e o 20º, 15 entre o 21º e o 30º, 15 entre o 31º e o 40º, sete entre o 41º e o 50º e duas para além do 51º.

Há ainda a acrescentar quatro eliminações na primeira ronda e uma na segunda em modalidades de que a organização não forneceu classificações finais, como o ténis de mesa e o badminton, e três desistências.

A seis dias do final dos Jogos, horas depois de Naide Gomes ser eliminada no comprimento e de Vicente Moura ter anunciado que não se recandidatava ao cargo devido aos resultados de Pequim, o secretário de Estado do Desporto desdramatizou a situação.

Reafirmando que esta "talvez" fosse "a Missão mais bem preparada e apoiada de sempre", Laurentino Dias disse que "isso não significa inevitavelmente" que tivesse de ser "a com os melhores resultados", porque estes são "algo de incerto" nos Jogos, "como em qualquer manifestação desportiva".

Mas, segundo o governante, a avaliação da participação em Pequim deve ser feita "tranquilamente quando os Jogos acabarem", por "atletas, treinadores, dirigentes, Comité Olímpico e o próprio Governo" e dela devem-se "retirar consequências".

Laurentino dias recordou ainda que estão a ser investidos 50 milhões de euros na criação de Centros de Alto Rendimento em Portugal, que vai ficar dotado "das melhores condições da Europa e do mundo para treinar alto rendimento em qualquer modalidade".

"Hoje já é muito difícil falar de falta de condições de treino e de trabalho em Portugal, mas nos próximos anos vai ser ainda muito mais difícil falar disso", afirmou.

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