Alertas Expresso

Crise ajuda transportes públicos

30 abril 2009 20:00

Helder C. Martins

Preço do combustível e situação económica aumentam procura do Metro, comboio e autocarros.

30 abril 2009 20:00

Helder C. Martins

O aumento dos combustíveis e a crise económica "fizeram mais pelos transportes públicos do que décadas de discursos ambientalistas de diabolização do automóvel, a favor dos meios de transporte colectivo". A opinião é de Fernando Nunes da Silva, professor no Instituto Superior Técnico, e sintetiza o pensamento de muitos especialistas.

De 2007 para 2008, assistiu-se a menos trânsito nas estradas e nas entradas das cidades e a uma maior procura do transporte público (ver infografia).As seis empresas públicas de Lisboa e Porto e a Fertagus transportaram mais 11,4 milhões de passageiros. Quase metade dos mais 24 milhões de passageiros ganhos nos últimos quatro anos. Sinal dos tempos é também o aumento do número de passes em detrimento dos bilhetes, o que não só denota alguma preocupação em poupar mas também uma fidelização ao transporte colectivo.

"Os operadores privados acompanham a tendência dos públicos com um aumento sustentado da procura em 2008, para o que também contribuiu a manutenção dos preços em Julho e Dezembro", nota Carlos Correia, vogal do Instituto da Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT).

O aumento da procura dos transportes públicos pelos combustíveis e pela crise "é evidente, mas não linear", diz o presidente da CP. Cardoso dos Reis explica que é a conjugação do factor necessidade das pessoas com o aumento da qualidade dos transportes públicos que induz a procura. Mas adverte que uma descida do preço dos combustíveis poderá inverter a tendência.

Desde Setembro de 2008, Cardoso dos Reis nota que o crescimento no tráfego de longo curso está a ser feito à custa da transferência para serviços menos caros, com um crescimento superior a 10% no Intercidades e manutenção no serviço Alfa. Associa à crise uma corrida aos passes em detrimento dos bilhetes ocasionais, muito associados ao lazer. Porém, a crise tem um reverso da medalha para os transportes. Álvaro Costa, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), salienta que o aumento do desemprego faz perder passageiros. Em zonas do interior como no Vale do Ave, exemplifica, o fecho de fábricas está a afectar negativamente os operadores.

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