22 setembro 2010 15:19
Afinal, o 'Titanic' não se afundou por o icebergue ter sido avistado tarde demais, mas sim porque um dos subordinados interpretou mal a ordem do comandante e virou o navio na direção errada.
22 setembro 2010 15:19
Até agora, a razão sempre apresentada para o afundamento do 'Titanic', em 1912, sempre foi a de que o icebergue tinha sido avistado tarde demais e não houve tempo de desviar o seu rumo, acabando o navio por embater na enorme massa de gelo escondida pela noite.
A escritora Louise Patten tem 56 anos e é neta de Charles Lightoller, um dos oficiais que estava de serviço ao navio e sobreviveu.
Apesar de não ter conhecido o avô, uma vez que este morreu antes dela nascer, a sua avó contou-lhe aquela que será a verdadeira história do fim trágico do 'Titanic'. História que ela conta agora, no seu livro "Good as Gold" e da qual consta que o acidente que matou 1.517 pessoas decorreu de um erro de interpretação da ordem dada pelo comandante e um dos subordinados, Robert Hitchins.
Confusão entre dois "códigos"
Tudo isto porque, na altura, estar-se-ia numa fase de transição da vela para a navegação a vapor e a condução era diferente.
Na condução à vela, com leme manual, como ainda hoje acontece, quando se quer direcionar o barco para um lado vira-se o comando para o lado contrário. Na transição para a navegação dos barcos a vapor isso deixou de acontecer, passando a condução a ser feita tal como acontece hoje num qualquer automóvel, virando o volante para o lado desejado.
Como muitos dos oficiais que estavam no 'Titanic' tinham anteriormente trabalhado em barcos à vela, os dois "códigos de navegação" colidiam. O que terá acontecido com Robert Hitchins.
Quando o comandante William Murdoch avistou o icebergue, ainda o 'Titanic' estava a cerca de dois quilómetros do bloco de gelo, deu ordem de virar a estibordo. Baralhando as regras e esquecendo-se de que estava num navio de última geração, Robert Hitchins acabou por virar a roda do leme para a direita, raciocinando à maneira antiga.
Apercebeu-se do seu erro pouco depois, mas o mal estava feito: quando o tentou corrigir, perante a velocidade de deslocação do 'Titanic', já era tarde de mais.
O navio inafundável que afundou
Na altura, acreditava-se que o 'Titanic' era inafundável, pelo que Bruce Ismay, presidente da White Star Line, empresa proprietária do navio, convenceu o capitão a não parar.
Isso justifica não só os estragos no casco quebrado do navio mas também o facto de se ter afundado num período de tempo muito mais curto do que seria de esperar.
Segredo mantido
Charles Lightoller, o avô da autora de "Good as Gold", manteve sempre o segredo durante e depois as investigações, com medo das consequências.
Na II Guerra Mundial, Charles Lightoller foi considerado um herói pelo seu papel na evacuação de Dunquerque. Morreu em 1952, mas para que ele não perdesse esse estatuto a família nunca revelou o seu segredo. Até agora.