Salman Rushdie conta como viveu durante a fatwa

Salman Rushdie anunciou que o livro com as memórias do período em que teve de viver oculto, sob forte protecção policial, após em aiatola Khomeini ter emitido a fatwa apelando ao seu assassinato, terá lançamento mundial a 18 de setembro.

O título do livro, "Joseph Anton", o nome que escolheu quando teve de ocultar a sua verdadeira identidade, resulta da combinação dos primeiros nomes de dois dos seus escritores de eleição: Joseph Conrad e Anton Chekhov.

"Torneio-o o título do livro porque sempre foi algo muito estranho para mim ter de abdicar do meu próprio nome, sempre me senti desconfortável quanto a isso, e pensei que ajudasse a dramatizar, para o leitor, a profunda estranheza e desconforto desse anos", afirmou o escritor.

O líder iraniano Ayatollah Khomeini emitiu a fatwa contra Salman Rushdie a 14 de fevereiro de 1989, apelando ao seu assassinato, por considerar que no livro "Versículos Satânicos" insultara o islão e o profeta Maomé.

Rushdie só pode voltar a ter uma vida normal quando o Irão anunciou, em 1998, que não incentivaria mais o cumprimento do decreto religioso que o condenava à morte.

Anterior livro tinha informações erradas

"Como lida um escritor e a sua família com uma ameaça de morte ao longo de 9 anos? Como continua a trabalhar?" são algumas das questões a que o livro dá resposta, segundo a editora Random House.

A obra autobiográfica surge quatro anos depois de Rushdie ter recebido em tribunal um pedido de desculpas do autor e da editora de um livro sobre esse mesmo período, por a obra incluir informações incorrectas, que indicavam que teria estado fechado num quarto vedado por agentes, com quem desenvolvera uma relação muito pouco amistosa.