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Polícia britânica iniciou Operação Demetrius há 40 anos

9 agosto 2011 19:30

Ana C. Oliveira (www.expresso.pt)

Multidão em Londonderry comemora o resultado do Inquérito de Saville (criado em 1998 para analisar os acontecimentos do "Domingo Sangrento). Primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu oficialmente desculpa pelo sucedido em representação do Governo britânico (junho de 2010)

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No mesmo dia em que Inglaterra é assolada por violentos motins, faz 40 anos sobre a operação policial Demetrius na Irlanda do Norte, onde a polícia britânica tinha como objectivo deter 500 pessoas.

9 agosto 2011 19:30

Ana C. Oliveira (www.expresso.pt)

Faz hoje precisamente 40 anos que a Operação Demetrius - ou "Internment" - tinha início na Irlanda do Norte. Planeada e implementada pelos mais altos cargos do Governo britânico, consistiu na ação sincronizada do Exército irlandês para a captura e aprisionamento, sem mandato, de 500 pessoas suspeitas de serem membros de grupos militares radicais, com o IRA à cabeça da lista.

O período de tensão e perseguição, que começou a 9 de agosto de 1971, continuou até 1975 liderado pelas autoridades britânicas na Irlanda do Norte. Alguns historiadores consideram que o objetivo principal da operação falhou, pois mais de 100 membros do IRA conseguiram escapar, enquanto muitos inocentes foram detidos.

13 mortos no "domingo sangrento"

O incidente mais violento da Operação Demetrius ocorreu a 30 de janeiro de 1972 em Londonderry, na Irlanda do Norte. Neste "Domingo Sangrento", 13 pessoas foram mortas pelos soldados britânicos durante uma marcha pela defesa dos Direitos Humanos na qual se criticavam as ações da Operação Demetrius.

Ao longo dos anos, os familiares dessas vítimas não prescidem de um desfile a 30 de janeiro em memória das mesmas.

O Governo britânico terá enviado para a Irlanda do Norte pessoas treinadas para ensinar às forças locais as chamadas "cinco técnicas" de interrogatório: privação do sono, de comida e de bebida, obrigar a passar várias horas de pé, utilização de sons altos para desorientação, interrogatórios longos. Métodos que em 1978 foram considerados inaceitáveis pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

A lista inicial de suspeitos foi elaborada com a participação do MI5, os serviços secretos britânicos, mas muitas das pessoas presas não tinham qualquer ligação a grupos militares radicais. É possível que Brian Faulkner, o então primeiro-ministro irlandês, tenha sido pressionado pelo Governo britânico a incluir protestantes na lista, mas este nega a acusação.