26 outubro 2012 9:00
Os atritos entre a China e Japão por causa de ilhéus desertos no Pacífico reabrem velhas feridas que remontam à década de 1930. Em análise na edição de novembro, que hoje chega às bancas.
26 outubro 2012 9:00
As relações entre China e Japão azedaram este outono por causa da posse de meia dúzia de calhaus rochosos no meio do Pacífico. Houve manifestações sem precedentes em muitas cidades chinesas que, nalguns casos, degeneraram em motins e saques de empresas nipónicas que a, habitualmente impiedosa, polícia do regime deixou placidamente correr.
Os relatos da imprensa internacional sugerem que os desfiles foram não só tolerados, como promovidos e enquadrados pelas autoridades chinesas que, à falta de se poderem vingar mandando a sua frota bombardear as ilhas Senkaku (coisa que a Casa Branca, mesmo em maré de "soft power", não toleraria), tiraram desforço no plano do simbólico, encorajando as multidões a incendiar umas dezenas de Toyotas e apredrejar algumas fábricas da Panasonic. Contudo, as coisas não ficaram por aqui. Sítios houve onde a cólera popular se virou, não contra interesses nipónicos, mas contra sedes locais do Partido Comunista.
Mao enche as ruas
Do ponto de vista iconográfico, houve algo ainda mais surpreendente: as ruas encheram-se com cartazes de Mao, coisa que não se via desde 1977, ano da vitória da linha reformista de Deng Xiaoping. Mao regressado dos purgatórios da História como ícone dos protestos antijaponeses? Porquê? Alguns manifestantes, tão jovens que nem nascidos eram quando o Grande Timoneiro morreu, foram de uma clareza cristalina nas suas explicações.
Basicamente, disseram duas coisas: que no tempo de Mao os dirigentes chineses não mostravam medo a nenhuma das duas superpotências, fossem os EUA, fosse a URSS; e que no tempo em que o autor do Pequeno Livro Vermelho mandava, o povo era pobre mas os dirigentes do partido comunista... também.
Renovação em novembro
A renovação dos mais altos cargos da hierarquia no XVIII Congresso do PC chinês está marcada para começos de novembro, coincidindo com as eleições norte-americanas. Numas e noutras há muito em jogo porque, como nos ensinam os estudiosos da teoria do caos, o bater das asas de uma borboleta em Pequim pode ter consequências inesperadas do outro lado do mundo.
Nesta edição saiba ainda como a tecnologia das impressoras 3D abre novos mundos à investigação científica e à indústria. Ou como o Facebook instrumentaliza e desumaniza o conceito de amizade permitindo, ao mesmo tempo, aos governos espiarem de modo barato e eficaz os seus concidadãos.
