9 fevereiro 2012 16:11
Em comentário ao Expresso sobre a carta aberta dos oficiais ao ministro da Defesa, D. Januário Torgal considera que o documento traduz "um sentimento generalizado" e que os militares têm de ser ouvidos.
9 fevereiro 2012 16:11
Um "apelo" que traduz "um sentimento generalizado" entre o setor militar. Para D. Januário Torgal, bispo das Forças Armadas "está enganado" quem olhar para a carta aberta dirigida ao ministro da Defesa como algo representativo de "um pequeno clube regional".
"Não conhecia a carta", disse ao Expresso D. Januário, "mas depois de ouvir as notícias e de a ter lido o que acho importante não é tanto a falta de elegância, mas saber se o que lá vem dito é verdade".
"Não se podem em certas alturas fazer discursos de grande retórica, considerar os militares glórias da nossa pátria e depois, no dia a dia, mudar a música e esquecer a solidariedade" apregoada, considera D. Januário, para quem é chegado o momento de "passar das palavras às atitudes".
Uma "ferramenta útil"
Na opinião do bispo, a carta deveria ser entendida como uma "ferramenta útil" para todos se sentarem "à volta de uma mesa e dialogarem", com os governantes a ouvirem as chefias militares, mas "com certeza, sem excluir outros patamares" das Forças Armadas: "Nada se faz se a população militar não fizer parte das decisões".
"Parece-me que os militares têm tido paciência de mais", rematou D. Januário Torgal, "mas sou um otimista e acredito no diálogo".
"Quem semeia injustiças não terá paz"
Em declarações à "TSF", D. Januário tinha ontem comentado também a situação de pobreza em Portugal, criticando o Governo de Passos Coelho, ao lamentar a forma como a questão social está a ser tratada no país.
"É vista como uma malga de sopa, uma solidariedade ultrajante", afirmou o bispo, considerando que "tem havido atitudes extremamente insólitas com dinheiro", que existe "para certos senhores e cargos", mas não "para os pobres".
"Sinto-me desassossegado porque vejo a instabilidade da miséria", insistiu o bispo das Forças Armadas. "Será pieguice dizer isso?", questionou. "Sinto-me desassossegado" por estar a assistir apenas "ao rigor do corte e ao rigor da insensibilidade".