Atualidade / Arquivo

Mar Negro com futuro sombrio

11 novembro 2009 22:51

Outrora rico em espécies marinhas, o Mar Negro está hoje em vias de perder o esturjão, os tubarões e os golfinhos, da mesma maneira que já perdeu as focas e os camarões.

11 novembro 2009 22:51

site

O esturjão é o mais ameaçado, bem como os peixes que têm por habitat águas costeiras pouco profundas: pregado, tubarão e outros. "A Turquia proibiu a pesca do esturjão nos rios nos anos 90; a Ucrânia em 1996, no rio; a Bulgária em 1995, no mar, e a Roménia apenas em 2005, no mar, no delta e no Danúbio. Estas medidas foram muito positivas, mas a situação não melhorou", declara Simon Nikolaev, director-geral do Instituto.

A culpa é dos pescadores furtivos e da poluição, que danificaram o seu habitat. Para pôr os ovos, o esturjão precisa de camadas de areia grossa muito bem oxigenadas, que só se encontram em água limpa.

Metade das espécies de esturjão em risco de desaparecer

O problema é que os stocks de peixes em via de extinção se esgotam mais depressa do que o seu ciclo de vida. O esturjão, por exemplo, atinge a maturidade tarde, por volta dos 12 anos, e o pregado pelos 4 ou 5 anos. Ora, para assegurar a permanência das reservas, cada espécie deve reproduzir-se várias vezes.

No que diz respeito ao esturjão, mais de metade das cerca de 30 espécies corre o risco de desaparecer. Só nas últimas décadas, a população de juvenis baixou mais de 70%.

Tubarões e golfinhos ameaçados

Os tubarões, cavalos-marinhos e golfinhos estão igualmente ameaçados. Os golfinhos em especial, porque se "suicidam": " Entre as dezenas de milhares que permanecem no mar, alguns milhares enrolam-se acidentalmente nos apetrechos de pesca destinados ao pregado, atraídos pela agitação dos animais encurralados. Inevitavelmente, asfixiam-se".

Todos os anos, isso afecta vários milhares de golfinhos. Na Roménia, os golfinhos deixaram de ser caçados desde 1967. Nos últimos trinta anos, desapareceram várias espécies do Mar Negro: as focas, os camarões e certas ostras, bem como dezenas de espécies de plantas e de outros animais.

Décadas para recuperar o equílibrio

O equilíbrio marinho é ainda precário e serão necessárias várias décadas para que o Mar Negro consiga recuperar o equilíbrio natural que tinha há cinquenta anos. E isto se, a partir já de hoje, a poluição fosse parada e os recursos deixassem de ser explorados.

"O pior é que a poluição se alia à redução dos stocks de peixe. É um mar semifechado e as substâncias tóxicas acumulam-se e não saem. É verdade que, depois do desaparecimento das indústrias pesadas poluentes nos anos 1990, o Mar Negro entrou numa fase de lenta recuperação da qualidade da água. Mas não bastou", acrescenta Nicolaev.

Leia mais em Presseurop.eu