9 abril 2009 13:25
O Parlamento aprovou o terceiro mandato do líder, que não é visto em público desde Agosto, por ter sofrido problemas de saúde.
9 abril 2009 13:25
Kim Jong-il foi reeleito líder da Coreia do Norte esta manhã (madrugada em Lisboa). O Parlamento aprovou por unanimidade a sua nomeação para um terceiro mandato como chefe da Comissão Nacional de Defesa, o posto mais alto do país ocupado por uma pessoa viva. Isto porque a Presidência da República foi atribuída, a título vitalício, a Kim il-Sung, o já falecido pai do actual líder que, nascido em 1912, governou o país desde a independência, em 1948, até à sua morte, em 1994.
Não é certo que o próprio Kim Jong-il tenha presidido à sessão parlamentar, como lhe cabia. O líder, de 67 anos, não é visto em público desde Agosto. A sua ausência na parada do 60.º aniversário do país, em Setembro, suscitou rumores. Vários órgãos de comunicação estrangeiros afirmaram que sofrera um acidente vascular-cerebral e chegou a haver dúvidas sobre se teria morrido. O Governo sempre negou qualquer problema de saúde.
A televisão estatal tentou pôr fim à especulação, divulgando, em Outubro, imagens de Kim Jong-il a visitar quintas, fábricas e quartéis. No mês passado, a agência noticiosa oficial KCNA mostrou fotos do líder, visivelmente mais magro, a revistar tropas e a falar com dirigentes militares. Não se sabe, porém, quando foram captadas estas imagens, até porque o relato oficial salta de Agosto para Novembro, sem explicação. Alguns trechos de vídeo são, claramente, antigos.
Nos dias anteriores à reeleição, a TV pública emitiu documentários elogiosos sobre Kim Jong-il e o pai, intercalados com imagens do poderio militar norte-coreano, pôres-do-sol idílicos e camponeses sorridentes. O lançamento de um míssil, no domingo passado, foi mais uma exibição de força, criticada pela comunidade internacional. Embora Pyongyang afirme ter apenas colocado um satélite em órbita, o Ocidente crê ter-se tratado de um teste com um míssil capaz de levar ogivas nucleares até solo americano.
A reeleição de Kim Jong-il teve lugar durante a sessão de abertura da 12.ª legislatura do Parlamento, resultante das eleições legislativas do passado dia 8 de Março. Todos os candidatos pertencem à Frente Democrática para a Reunificação da Pátria, uma suposta aliança de partidos liderada pelo Partido dos Trabalhadores (o de Kim Jong-il). Na prática, todo o hemiciclo é favorável ao líder, até porque a eleição se faz em círculos uninominais, com um só candidato a cada círculo.
Além da Comissão de Defesa, Kim Jong-il lidera o Partido dos Trabalhadores e as Forças Armadas do país, que são das maiores do mundo, com cerca de 1,19 milhões de efectivos. Governa há 15 anos um país de 24 milhões de habitantes, sem que se conheçam quaisquer críticas internas. Existe na Coreia do Norte um forte culto da personalidade de Kim Jong-il e Kim il-Sung. Os seus retratos estão por toda a parte e muitos cidadãos usam-nos em crachás. Segundo a história oficial, ambos nasceram numa montanha sagrada.