12 março 2008 16:17
O governador de Nova Iorque, o democrata Eliot Spitzer, renuncia ao cargo, dois dias depois de tornado público o envolvimento com uma rede de prostituição de luxo e operações financeiras fraudulentas.
12 março 2008 16:17
O governador de Nova Iorque, o democrata Eliot Spitzer, apresentou hoje a sua demissão do cargo, dois dias depois de se descobrir o seu envolvimento com uma rede de prostituição de luxo e com operações financeiras fraudulentas.
"Os remorsos vão acompanhar-me para sempre", disse Spitzer perante a imprensa de Nova Iorque, salientando que tinha de "aplicar a si mesmo" os mesmos critérios "de rectidão e de assunção de responsabilidades" que sempre exigiu a outros na sua carreira política.
Spitzer, conhecido pelas suas "cruzadas" moralistas contra grandes nomes do centro financeiro de Wall Street, reconheceu na segunda-feira ter estado com uma prostituta num hotel de Washington.
Repercussão
A maioria dos analistas políticos já havia considerado inevitável a demissão de Spitzer, a braços com numa investigação policial sobre transacções financeiras fraudulentas e de envolvimento com uma rede de prostitutas de luxo.
Paralelamente, os parlamentares republicanos do Estado de Nova Iorque deram ao governador 48 horas para se demitir do cargo, pois, caso contrário, enfrentaria a destituição compulsiva.
A principal acusação a Spitzer estará relacionada com o modo como foram compensados economicamente os serviços da prostituta: tendo havido tentativa de ocultação da origem e motivos do pagamento bancário, o governador enfrentará até cinco anos de prisão.
O jornal New York Times noticiou na sua edição online que os investigadores da polícia federal (FBI) foram alertados para movimentos financeiros suspeitos, nomeadamente de Spitzer, que acabavam em contas de sociedades fantasma, nomeadamente a Emperor´s Club VIP, uma rede internacional de prostituição de luxo frequentada com regularidade pelo governador de Nova Iorque.
Esta rede - em que as prostitutas cobravam 3.500 euros por hora aos clientes - foi desmantelada pelo FBI e quatro dos seus responsáveis detidos.
Com o aval do Ministério da Justiça e a ajuda de uma ex-prostituta da rede - que empregava meia centena de mulheres em Nova Iorque, Washington, Miami, Londres e Paris -, o FBI pôs sob escuta telemóveis de suspeitos, nomeadamente o do "cliente número nove" (Spitzer).
A 13 de Fevereiro, o governador de Nova Iorque foi apanhado em flagrante, a combinar um encontro com uma prostituta no Hotel Mayflower, Washington.
O encontro está detalhado em cinco páginas de um relatório do FBI, que contém transcrições de outra meia dúzia de telefonemas de Spitzer.
A operação policial permitiu o registo de mais de 5.000 telefonemas e 6.000 mensagens, bem como a apreensão de bilhetes de avião e comboio, facturas de hotel e talões bancários.
Spitzer é apoiante de Hillary Clinton, candidata à nomeação do Partido Democrata para as presidenciais norte-americanas de Novembro, que num gesto de prudência se limitou a enviar os seus "respeitos" à família do governador do Estado pelo qual ela é senadora.
A Casa Branca também reagiu, classificando de "triste" a situação do antigo ministro da Justiça.
Spitzer será substituído a 17 de Março pelo seu adjunto, David Paterson, 53 anos, que se converterá no primeiro negro a alcançar o cargo de governador do estado de Nova Iorque e o quarto nos Estados Unidos.