31 janeiro 2009 14:18
A família do famoso pianista português, desaparecido em 1981 no Brasil, critica as declarações ao Expresso do cirurgião e criminoso Hosmany Ramos e já não acredita que Sérgio Varella Cid esteja vivo.
31 janeiro 2009 14:18
As declarações do foragido brasileiro Hosmany Ramos ao Expresso, sobre o misterioso desaparecimento de Varella Cid, suscitaram uma reacção dos familiares do pianista português e em particular os seus seis filhos. Em documento subscrito pela família, escusam-se a "fazer juízos de valor sobre o interesse da entrevista, cuja credibilidade não pode, naturalmente, deixar de ser posta em causa". Cirurgião plástico, Hosmany foi condenado a 47 anos de prisão. Detido desde 1981, encontra-se a monte desde 2 de Janeiro, quando se escusou a regressar ao presídio. Dias depois, avistou-se com o Expresso no interior do Brasil. O nome de Hosmany costuma ser associado ao desaparecimento do pianista. Na entrevista da semana passada, o cirurgião e ficcionista disse que não tinha morto Varella Cid, mas não descartou a hipótese de ele ainda estar vivo.
Invocando o "dever de solidariedade e respeito para com os seus", a família manifesta "pesar pelo carácter extemporâneo da discussão ou relato do que se terá passado há quase 30 anos, quando qualquer contraditório se torna impossível, dado o desaparecimento de uma das partes". Desaparecido em 1981, Cid foi declarado morto em 1994, mas o corpo nunca apareceu.
Os familiares de Varella Cid mostram-se "convictos" da sua morte e, "tendo em conta a falta de prova da veracidade das afirmações" de Hosmany, vêm "lamentar a versão equacionada tanto por este como até pelo artigo, indiferente aos nossos sentimentos". "Sem negar tudo o que de errado" o pianista "possa ter feito, ficaremos de qualquer modo com as nossas memórias e saudades. Sérgio Varella Cid ficará para a História como um dos mais brilhantes pianistas clássicos do século XX e não apenas do panorama português. Será este o 'nosso compromisso com a verdade' que sempre guardaremos". Para a família, "todas as histórias têm um fim; este será o nosso. Que Deus o proteja para todo o sempre".
Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Janeiro de 2009