São Tomé e Príncipe

Fazer "frente comum"

25 abril 2008 1:00

Ricardo Neto, correspondente em São Tomé e Príncipe

25 abril 2008 1:00

Ricardo Neto, correspondente em São Tomé e Príncipe

Um conceituado linguista são-tomense, Jorge Bom Jesus, ex-ministro da Educação e da Cultura, disse que a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da língua portuguesa será um autêntico estabelecimento de uma "frente comum" entre os Países com o mesmo idioma, contribuindo de forma clara para "a promoção e afirmação do português no mundo".

Apesar de saudar o Acordo Ortográfico de 1990, Bom Jesus (actualmente com as funções de director do Planeamento e Inovação Educativa do Ministério da Educação e Cultura) reconheceu a existência de obstáculos que dificultam a sua aplicação. Reconheceu, porém, que várias individualidades e entidades, sobretudo, ao nível dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão a fazer vários esforços com vista à sua ratificação por todas as Nações falantes deste idioma.

Relativamente as dificuldades no âmbito da sua aplicação, o linguista argumentou que "não há culturas puras, uma vez que todas elas são fruto de encontros, cruzamentos, contactos e até choques".

Tendo considerado as diversas variantes de língua portuguesa no mundo, Jorge Bom Jesus defendeu que a "união faz a força", sublinhando a necessidade de um consenso entre as nações falantes, de forma a afirmar-se o português como um dos potenciais idiomas internacionais.

Ainda em relação à afirmação do Acordo Ortográfico, reconheceu a necessidade da criação de equipas de pesquisa "multipaís" para a preservação e divulgação da língua portuguesa bem como a flexibilidade no acolhimento de palavras oriundas das culturas integrantes da CPLP.

Além da padronização da escrita, sintaxe, morfologia e semântica, disse que a aplicação do Acordo permitirá ainda a eficiência nas estratégias de ensino e aprendizagem bem como a racionalização de recursos humanos, materiais e financeiro no domínio da publicação de obras literárias em português. Defendendo o fim da "dualidade" entre Portugal e Brasil, considerou que, ao nível da CPLP, facilitará na prática os estudantes, pesquisadores e escritores.

Mas, para o progresso e afirmação do português - sublinhou - deve ser dada uma atenção particular ao ensino das línguas autóctones, bem como à integração do português como língua de trabalho nas organizações regionais e continentais, face a globalização.