Algarve

Farense à venda... outra vez

1 outubro 2008 21:30

Mário Lino (texto e fotos)

O Estádio do Farense, em plena cidade, foi posto à venda em Agosto e até parecia que interessados não iam faltar, para dar os 14 milhões. Mas cerca de um mês depois, a única proposta em cima da mesa... caiu.

1 outubro 2008 21:30

Mário Lino (texto e fotos)

"Houve uma empresa, a Byteeficaz que inclusive ofereceu uma verba superior à solicitada, mas após várias promessas o sinal nunca apareceu", revela Aníbal Guerreiro, presidente da Comissão de Venda do Estádio de São Luís, em Faro.

Sem revelar qual o montante oferecido, "para não prejudicar os interesses do clube", Aníbal Guerreiro e os restantes elementos - do qual faz parte José Gomes Ferreira, presidente do Sporting Clube Farense - mostraram-se agastados com a morosidade do processo, mas sobretudo com um desfecho que não foi o que esperavam: "Nós pensávamos que seria simples vender um terreno com esta localização, mas os tempos mudam e ninguém contava com a crise financeira internacional que existe actualmente", confessa Aníbal Guerreiro.

Outro dos obstáculos é a impossibilidade, de acordo com o Plano de Pormenor da Zona de São Luís, da criação de uma grande superfície comercial naquela área. "Se fosse para um shopping, havia imensos interessados, portugueses e até estrangeiros, e o terreno valeria muito mais, mas como sabem a construção tem estado mais parada", acrescenta.

A comissão revelou ainda, em conferência de imprensa que decorreu esta tarde em Faro, que chegou a existir um outro interessado no negócio, mas que acabou por ser excluído. Tratava-se do grupo Retail Park Portugal, cuja oferta era também superior aos 14 milhões de euros, mas a proposta acabou por não ser considerada por "motivos técnicos", uma vez que a empresa pretendia ocupar uma área onde existe o Ginásio do SCF, área essa que não se encontra à venda.

O Plano de Pormenor prevê aliás que ali se mantenha um campo de jogos, o pavilhão e o edifício-sede do clube, e para além disso os futuros prédios terão de respeitar a cércea das bancadas, o que não dará para mais do que cinco ou seis andares.

Senhor cobrador, dá para esperar mais um pouco?

O novo concurso para a venda do estádio de São Luís deverá ser publicitado na próxima semana

O novo concurso para a venda do estádio de São Luís deverá ser publicitado na próxima semana

mário lino

Sem compradores, a Comissão de Venda vai optar por elaborar um novo concurso, com um caderno de encargos "ligeiramente diferente", não nas áreas ou tipo de construção, mas sobretudo nas formas de pagamento.

"Vamos tentar dilatar um pouco os pagamentos, de forma a tornar o negócio mais apetecível aos investidores", afirmou Carlos Ataíde, membro da Comissão.

Já Aníbal Guerreiro optou por lançar um apelo às entidades oficiais, elas que são aliás - através do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI) as principais credoras da dívida do clube: "Precisamos da ajuda e da compreensão das entidades oficiais de forma a salvar um clube com tantos anos de existência e que tanto tem dado ao desporto nacional e a Faro", afirmou.

Mas o que é certo é que, a cada dia que passa, os juros vão continuando a somar. Actualmente, segundo adiantou ao Expresso o presidente do clube, a dívida ascende a 11 milhões de euros, sem juros. Desses, nove milhões respeitam a dívidas às Finanças e Segurança Social (2,3 milhões são da SAD, que não tem património) e estão ao abrigo de um Plano Extrajudicial de Conciliação (PEC), outros 2 milhões dizem respeito a dívida apenas do Sporting Clube Farense (não da SAD), não incluída no PEC.

Feitas as contas, e pressupondo que sobre o valor estimado da venda o Farense terá ainda de pagar impostos sobre as mais-valias da venda (qualquer coisa como 1,8 milhões de euros face aos 14 milhões totais), e descontando os juros da dívida, pouco ou nada sobrará ao clube algarvio.

Se a isto juntarmos ordenados em atraso aos cerca de 10 funcionários - que têm a haver alguns vencimentos desde 2004 - rapidamente se percebe que o cenário de crise, antes de estalar nos Estados Unidos, já tinha batido à muito à porta do Farense: "Nós não vamos baixar o preço, porque isso não vai ao encontro dos interesses do clube, mas esperamos que ao facilitar as condições de compra mais interessados apareçam".

O novo concurso para a venda do estádio de São Luís deverá ser publicitado na próxima semana. Os potenciais compradores têm de novo, em cima da mesa, uma área de 29.500 metros quadrados de construção, 5 mil metros quadrados de espaços comerciais e um estacionamento subterrâneo, bem no centro da cidade.