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Demjanjuk julgado pela morte de 27900 judeus

30 novembro 2009 11:53

Cristina Pombo (www.expresso.pt)

O julgamento de um dos criminosos nazis mais procurados começa hoje em Munique. John Demjanjuk é acusado de ter ajudado a exterminar quase 30 mil judeus.

30 novembro 2009 11:53

Cristina Pombo (www.expresso.pt)

John Demjanjuk, de 89 anos, entrou esta manhã no tribunal de Munique numa cadeira de rodas, tapado com um cobertor. O homem agora doente e de aparência frágil é acusado de cumplicidade na morte de pelo menos 27900 judeus, durante a ocupação nazi. 

Demjanjuk foi guarda no campo de concentração de Sobibor, na Polónia, em 1943, e terá participado no envio de milhares de pessoas para as câmaras de gás.

Trinta e cinco familiares vão sentar-se em tribunal, para co-acusar o homem que consideram ser um dos responsáveis pela morte dos seus entes queridos. Homens e mulheres que perderam pais, irmãos, maridos e mulheres e, em alguns casos, famílias inteiras. Uma acção sem precedentes em julgamentos relacionados com o Holocausto.

Este homem de nacionalidade ucraniana - que foi capturado pelas tropas nazis e, mais tarde, passou a exercer funções no campo polaco de Sobibor - figura em primeiro lugar na lista de criminosos nazis do Centro Simon Wiesenthal (uma organização dos direitos humanos centrada na questão do Holocausto). 

Imprecisão de identidades

Demjanjuk foi julgado, em Israel, em 1988, por supostas acções contra judeus no campo de concentração em Treblinka, sob o apelido de "Ivan, o Terrível". Mas, acabaria por ser absolvido por dúvidas acerca da sua identidade.

A acusação pela qual irá agora responder parece estar, no entanto, mais sustentada. Os advogados do Ministério Público dizem possuir uma carteira de identidade estabelecida pelos SS, em nome de Demjanjuk, onde está registada a sua transferência de Trawniki (campo onde eram formados os guardas dos campos de concentração) para Sobibor.

O ex-guarda nazi terá de assistir às audiências - limitadas a duas sessões de 90 minutos cada, no máximo de três por semana - apesar dos pedidos da defesa para que o julgamento se realizasse à porta fechada.