Aniversário ensombrado pelas novas tecnologias

CD já fez 25 anos

19 agosto 2007 15:00

Um quarto de século depois do nascimento e de um sucesso sem paralelos nos anos 90, o pequeno disco prateado parece ter os dias contados. O MP3 e a Internet são os grandes culpados deste declínio já anunciado por Bill Gates.

19 agosto 2007 15:00

 O Compact Disc (CD) que acabou de cumprir a bonita idade de 25 primaveras foi uma criação conjunta da Sony e da Philips. O nascimento foi a 17 de Agosto de 1982 numa fábrica em Langhenhagen, perto da cidade alemã de Hanover, a comercialização só aconteceu três meses depois, fazendo as delícias de milhões de melómanos um pouco por todo o mundo.

Esse dia ficou para a história por ter marcado definitivamente a passagem do universo analógico – dominado pelos discos de vinil e as cassetes de áudio –, para do digital, onde o CD se tornou rei e senhor, especialmente na década de 90 do século XX, quando o vinil deixou praticamente de existir.

Hoje o cenário avizinha-se negro, com uma cada vez maior variedade de suportes rivais, onde a Internet e o MP3 têm um papel preponderante. Embora o CD tenha alguns “irmãos” mais actuais como o HD DVD e o Blue-Ray, os tempos mudaram e até Bill Gates numa entrevista dada à imprensa espanhola vaticinou que “o CD vai morrer”.

Como maior parte das criações futuristas também o CD foi alvo de desconfianças e quando foi posto à venda em Novembro de 1982 poucos acreditavam no seu sucesso, nem os “progenitores” escondiam algum cepticismo: “Nunca imaginámos que um dia as indústrias informáticas e de entretenimento optariam pelo CD”, lembrou Pieter Kramer, funcionário da Philips.

Na altura começaram por ser comercializados apenas 150 títulos musicais, um quarto de século depois poucos terão sido os álbuns que não passaram pelo formato digital.

Contudo a evolução tecnológica devorou a sua própria criação e o filho pródigo de ontem é o inimigo de hoje. São cada vez mais as distribuidoras que querem libertar-se dos suportes físicos e apostam tudo na Internet, onde em sites autorizados como o ITunes se podem comprar músicas com qualidade idêntica à dos CD. O mesmo serve para os jogos e outros conteúdos informáticos que começam a prescindir do formato físico em prol dos downloads pagos.

Lucas Covers, director de marketing da Philips continua a defender a sua criação recordando que o CD já provou o seu valor, quando passou a levar aos consumidores “música da mais alta qualidade sem cortes nem interrupções” e que deverá continuar vivo durante muitos e longos anos.

Um quarto de século depois os críticos apontam exactamente a fragilidade como o grande calcanhar de Aquiles da criação nascida na Holanda, alegando que os CD se riscam com facilidade quando era suposto serem praticamente indestrutíveis.

Assim sendo, o fim da era CD parece estar já anunciado, restando só saber quando é que o pequeno disco fechará os olhos e dará em definitivo lugar ao MP3 e aos downloads feitos a partir da Internet.

Assim se fez o CD

- Em 1979 a Philips e a Sony decidiram que o CD iria ter 115 milímetros de diâmetro, o suficiente para armazenar uma hora de gravação.

- Pouco depois os engenheiros conseguiram comprimir os dados o suficiente para que o CD pudesse armazenar 74 minutos, ou seja a 9º Sinfonia de Beethoven completa.

- Em Junho de 1980 a Sony e a Philips publicaram o “Livro Encarnado”, onde escreveram todas as especificações técnicas que os CD e CD-ROM deviam ter.

- O primeiro CD que saiu da fábrica da Philips, a 17 de Agosto de 1982, foi “The Visitors” dos “ABBA”.

- Em 1985 os “Dire Straits” tornaram-se na primeira banda a adoptar o CD como o suporte exclusivo para todos os seus álbuns. Atitude arrojada, pois na altura os títulos existentes em suporte digital não iam além do milhar.

- Em 1986 os reprodutores de CD já se vendiam em maior número do que os analógicos, dois anos mais tarde o CD era o suporte mais vendido no mundo.