25 março 2010 18:55
Parece uma contradição, mas a empresa de apostas online Bwin quer promover o jogo responsável, por isso está a analisar o comportamento dos apostadores. Os resultados do estudo são surpreendentes.
25 março 2010 18:55
"É melhor ter clientes viciados em jogo a prejudicar a nossa imagem ou toda uma sociedade que nos aceita?" A questão colocada por Joachim Häusler, psicólogo da área de responsabilidade social da Bwin, justifica a aposta da empresa na promoção do jogo responsável.
À partida, ter uma empresa de apostas online a aconselhar os clientes a não jogarem tanto é quase tão bizarro como ter uma tabaqueira a aconselhar os fumadores... a não fumarem.
No entanto, na apresentação em Portugal do estudo da Bwin, em conjunto com a Harvard Medical School, sobre os comportamentos dos apostadores, Joachim Häusler explicou a aparente contradição. "Basta comparar as receitas das empresas de apostas online com as receitas da lotaria. É óbvio que a lotaria tem muito mais e o que nós queremos é essa massificação, queremos que todas pessoas apostem, porque temos condições para ter um mercado dez vezes maior", disse Häusler.
A parceria da Bwin com a Harvard Medical School e a Cambridge Health Alliance, iniciada em 2005, permitiu o nascimento do primeiro estudo científico sobre os comportamentos de jogo online, da autoria do professor Howard Shaffer. Até à data, os poucos estudos realizados baseavam-se exclusivamente nos relatórios subjectivos dos jogadores, ou seja, detiam um elevado grau de especulação.
Apenas 1% de clientes viciados
O estudo da equipa de Shaffer, no entanto, baseou-se unicamente nas apostas de 40 mil apostadores da Bwin, cujos movimentos online foram cuidadosamente observados e analisados ao longo de 36 meses, mantendo o anonimato dos clientes.
Os resultados preliminares do estudo revelam que, ao contrário do que se supunha, as apostas online não são mais viciantes do que as apostas em casinos físicos (ou outro tipo de jogos). A maioria dos clientes da Bwin aposta de forma moderada e a percentagem de clientes viciados em jogo ronda o 1%, revela o estudo.
A Bwin possui no site ferramentas que promovem o jogo responsável, como a imposição de um limite de gastos diários, semanais ou mensais do cliente. Em casos extremos, o próprio apostador pode pedir a sua exclusão definitiva da Bwin, algo que já sucedeu com 0,5% dos clientes.
Regulação dos governos necessária no futuro
No entanto, nada garante que um cliente não continue a apostar noutros sites, admitiu Joachim Häusler, que lamenta não poder partilhar com outras empresas os dados dos apostadores excluídos, devido a questões de privacidade. Por isso, o psicólogo também reclama maior interesse dos governos, que deviam servir de reguladores do sector.
Para já, são as empresas a funcionar em auto-regulação, mas isso não as impede de tomarem decisões eticamente correctas, diz o professor Howard Shaffer. "O compromisso da Bwin para com o processo científico e a sua recusa em seguir por atalhos para a obtenção de lucros a curto prazo é notável e demonstra o seu compromisso com a saúde e o bem estar dos seus clientes", defendeu.
O próximo passo do estudo, que continuará até 2013, será encontrar sinais que permitam perceber que uma pessoa se irá tornar viciada no jogo, de forma a preveni-lo. O objectivo parece utópico, mas o estudo revela que o número de jogos em que um apostador está envolvido é um bom sinal do seu grau de vício ao jogo. Um hipotético viciado jogará, por exemplo, nas apostas desportivas online, no poker, nos casinos, na lotaria e no euromilhões, enquanto que um apostador moderado não terá interesse em abranger tantos jogos.