Estreia da biografia ficcionada da fadista

'Amália' chega às salas de cinema na quinta-feira

30 novembro 2008 15:15

É a segunda longa-metragem de ficção de Carlos Coelho da Silva e custou cerca de três milhões de euros. Sandra Barata Belo foi a actriz escolhida para encarnar a diva do fado, numa história que tem como fio condutor a tentativa de suicídio em Nova Iorque, em 1984.

30 novembro 2008 15:15

O filme "Amália", de Carlos Coelho da Silva, chega quinta-feira a 66 salas de cinema portuguesas e tem garantida distribuição em cerca de vinte países, sendo a maior estreia de um filme português, segundo a produtora VC Filmes.

O filme, apresentado como uma biografia ficcionada da fadista Amália Rodrigues, custou cerca de três milhões de euros, foi rodado este Verão e contou no elenco com mais de 40 actores e 1300 figurantes.

A jovem actriz Sandra Barata Belo foi a escolhida para encarnar a diva do fado numa história que abrange a vida de Amália Rodrigues desde a infância, quando se separa dos pais para ir viver para Lisboa, até à tentativa de suicídio em Nova Iorque, em 1984, ao saber que lhe tinha sido diagnosticado um tumor.

Do elenco fazem ainda parte, alguns deles com aparições fugazes, Carla Chambel, Ricardo Carriço, Ricardo Pereira, António Pedro Cerdeira, José Fidalgo, Ana Padrão, Maria Emília Correia, André Maia, João Didelet, Sofia Grillo, Lourdes Norberto, António Montez, Leonor Seixas, Mariana Monteiro e Natália Luíza.

O argumento é de Pedro Marta Santos e de João Tordo e a ideia do filme partiu de Manuel Fonseca, um dos fundadores da Valentim de Carvalho Filmes, que se estreia no cinema com esta longa-metragem.

A história, escrita por Pedro Marta Santos e João Tordo, tem como fio condutor a tentativa de suicídio num quarto de hotel em Nova Iorque, em 1984, com sucessivos recuos ao passado para contar episódios da vida íntima da cantora e o seu percurso no fado.

As filmagens decorreram em mais de 85 décors e em 45 locais diferentes, para recriar cenas de época e locais onde Amália viveu e actuou, como o Olympia, de Paris, e o Brasil, onde viveu.

Todos os 22 fados interpretados no filme foram restaurados e remasterizados a partir dos originais interpretados por Amália. A banda sonora inclui ainda composições originais de Nuno Maló.

Além de se estrear em 66 salas portuguesas, o filme tem já garantida distribuição internacional, em países como China, Holanda e Bélgica, onde Amália Rodrigues fez sucesso.

Também está garantida a estreia no Médio Oriente, da Arábia Saudita ao Egipto e aos Emirados Árabes Unidos, onde a fadista foi comparada à diva da canção árabe Umm Kholtoum.

Em 2009, quando se assinalarem dez anos da morte de Amália Rodrigues, o filme será exibido numa mini-série na RTP de dois episódios de 90 minutos.

Carlos Coelho da Silva acredita que esta biografia ficcionada da fadista poderá ter mais espectadores do que "O crime do padre Amaro" e espera que seja visto pelos mais novos. Segundo o realizador, esta produção se destina a todos os públicos, dos fãs de Amália Rodrigues aos que não conhecem a sua obra.

"Eu gostava que este filme chegasse também às camadas mais jovens, porque ela pode ser um bom exemplo, uma mulher que conseguiu vencer, com uma carreira internacional, conseguiu fazer isso de uma forma admirável", disse.

Esta é a segunda longa-metragem de ficção de Carlos Coelho da Silva e sucede a "O crime do padre Amaro", o filme mais visto nos últimos anos em Portugal, com mais de 380 mil espectadores.

Carlos Coelho da Silva acredita que "Amália" poderá superar o sucesso de bilheteira de "O crime do padre Amaro", porque "não é só um filme acerca de uma voz, de um xaile negro e de uma guitarra". "Conta essa parte humana da Amália e tem essas componentes dramáticas que interessam à generalidade do público. E a forma como está montado e desafia o público pode chamar muita gente aos cinemas", defendeu.

A propósito da polémica levantada pela família de Amália Rodrigues, que interpôs uma providência cautelar contra o filme por revelar a vida pessoal da fadista, Carlos Coelho da Silva recordou que esta é uma história ficcionada.

Segundo Carlos Coelho da Silva, a ficção foi feita com base em factos e tem três fios narrativos, o romântico, o político e o social. "Seguimos uma certa cronologia, mas tivemos de a arranjar de acordo com aquilo que é uma estrutura moderna de ficção. A dificuldade de concentrar esses episódios todos em duas horas foi desde o princípio a maior de todas e há recursos e truques narrativos que ajudam a tornar a história mais interessante", defendeu.