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Os painéis de Grão Vasco continuam a revelar novidades 500 anos depois

O Rei D. Manuel identificado num dos painéis como um dos reis magos
O Rei D. Manuel identificado num dos painéis como um dos reis magos
TIAGO MIRANDA

No Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, existem 24 tesouros nacionais, 20 são do pintor Vasco Fernandes, o Grande Vasco. No painel da Adoração dos Reis Magos descobriu-se há dois anos que o rei D. Manuel é um dos reis magos e que o índio leva a oferenda numa taça de barro preto de Molelos. A história promete não ficar por aqui

O museu de grossas paredes de pedra, granito, está a despertar. No Largo da Sé o vento ainda é frio e sopra em redemoinho, levando casacos e cabelos, mas a pesada porta de madeira está entreaberta. Entramos pela grande frincha e o Museu Grão Vasco acolhe-nos. O edifício do século XVI fecha-se como uma concha sobre um pátio central, deixando a meteorologia convencional lá fora. Aqui o que importa é controlar a humidade e temperatura das salas. Muitas das obras que aqui se guardam são óleos sobre madeira. E a madeira, já se sabe, é caprichosa.

Odete Paiva, a diretora do Museu Nacional Grão Vasco, recebe-nos enquanto vai dando discretas indicações aos funcionários que preparam a abertura do museu, dali a meia hora. Todos se envolvem nesta tarefa de manter a humidade nos níveis certos, enquanto verificam se está tudo no lugar e ligam os painéis interativos. “Fala-se muito em sustentabilidade. Nós aqui colocamos taças de água nas salas, abrimos ou fechamos janelas, e lavamos o chão para controlar a humidade. Mais sustentável não há”, diz-nos.

Quando chegamos ao segundo andar, degrau a degrau, já Odete Paiva nos explicara que aquele edifício centenário foi Paço Episcopal e Seminário de Viseu, depois juntou todos os serviços públicos da cidade, até que lá entraram obras de arte, que se espreguiçaram de tal maneira, que conseguiram conquistar todo o espaço em 1938. E, depois, entre 2001 e 2004, deu-se a intervenção de Souto Moura, adaptando o espaço a museu. A diretora aponta os elegantes rodapés de aço, os arrumos disfarçados de parede ou a discreta iluminação. “Temos os visitantes que vêm ver as obras e temos visitantes que vêm ver o edifício. Todos os detalhes foram desenhados pelo Souto Moura ou pelo Siza [Vieira]”.

Seguimos sem hesitações para sala que apresenta 14 dos 18 painéis que Vasco Fernandes, notável artista da cidade dos anos 1500, pintou para o retábulo da capela-mor da Sé de Viseu. Apresentam três narrativas: as cenas da vida da Virgem Maria, a infância de Jesus e as cenas da Paixão de Cristo. Resistiram à desmontagem da capela-mor 15 painéis – o que falta representa o Calvário e estará no Seminário Maior, em Coimbra.

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