Carlos Santos, presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), traça o panorama geral: “Coimbra está inserida num cluster, num ecossistema que tem enorme potencial. Tem uma das universidades mais antigas da Europa, com uma escola médica de referência, tem um centro académico clínico, um consórcio entre o hospital e a universidade, onde de facto a Faculdade de Medicina tem um papel muito primordial, temos uma ligação à maior e melhor incubadora de empresas em Portugal, o Instituto Pedro Nunes, com ligações a todas as áreas de ciência da universidade, e depois tem um conjunto de empresas de base tecnológica e da indústria farmacêutica que podem ancorar a produção de conhecimento, a difusão desse conhecimento, a inovação”.
O dirigente senta-se na sala, hoje vazia, onde se fazem as conferências de imprensa do CHUC. Destaca a importância da inovação, apresentando a instituição que lidera e a capacidade de captar financiamento: “Gerimos em 2022 qualquer coisa como 31 projetos de investigação, inovação e desenvolvimento, com um valor total de 5,5 milhões de euros. Destacamo-nos claramente de outras instituições, na inovação orientada para algo de novo que possa ser transferido para a melhoria das condições de atendimento, diagnóstico, prognóstico e tratamento dos nossos doentes. Este foco é algo muito importante”.
Não hesita em apontar as conquistas, e os desafios. Lembra que tem nos CHUC as respostas nacionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em duas valências: transplante hepático pediátrico e cirurgia de reabilitação sexual, na unidade Reconstrutiva génito-urinária e sexual (URGUS) – que tem registado um grande aumento da procura nos últimos cinco anos, “com cada vez mais pessoas trans à procura de solucionar o seu problema, e de encontrar a sua identidade”, como acentua o responsável. Em 2022, o CHUC fez 78 cirurgias e realizou 1306 consultas. Um aumento expressivo (em 2017 fez 58 cirurgias e 414 consultas), que leva Carlos Santos a defender que esta consulta seja alargada a outros hospitais do SNS.
“Coimbra continua a fazer a diferença em matéria de inovação e excelência em cuidados de saúde, mas para ser honesto diria que tem potencial para fazer muito mais”. O que falta? “Falta criar esta energia, pô-la a funcionar em conjunto. Por exemplo, fruto deste consórcio dos CHUC e da Universidade de Coimbra, existe em Coimbra o melhor biobanco em Portugal, pela capacidade de armazenamento de amostras biológicas que não tem paralelo no país, e com um potencial enorme de caracterização molecular destas amostras, que pode alavancar os projetos de investigação com potencial de transferência de conhecimento. A investigação básica é muito importante, mas queremos também estar focados na transferência de conhecimento resultante da investigação para a cabeceira do doente, para melhorar o diagnóstico, para melhorar o tratamento, para melhorar o prognóstico. É nisso que estamos apostados. Temos a consciência de que podemos fazer mais.”
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