Expresso 50 anos

Francisco Pinto Balsemão é um emocionado cidadão honorário da Guarda

Francisco Pinto Balsemão é um emocionado cidadão honorário da Guarda
Ana Baiao

“Vir à Guarda, a minha Guarda, é sempre bom. Cada vez melhor!” escreveu Francisco Pinto Balsemão no livro de honra da cidade. Depois, recebeu das mãos de Sérgio Costa, presidente da Câmara Municipal, a medalha de honra do município, grau ouro, numa cerimónia que encheu o salão nobre da autarquia.

Marina Almeida

Percorreu as ruas da cidade da sua infância, onde passava pelo menos um mês todos os anos. Nesse percurso, entre a Praça Velha, onde inaugurou a exposição dos 50 anos do Expresso, e a Câmara Municipal da Guarda, Francisco Pinto Balsemão recordou os tempos de “miúdo”. A chegada do cinema à cidade, com sessões três vezes por semana. O Hotel de Turismo. Os dias de mercado, de feira, as pessoas desciam ao chafariz da Dorna para ir buscar água fresca, que não havia canalizada. “Todo um conjunto de emoções, de impressões, de cores e de pessoas que me marcaram e que me moldaram”, disse no seu discurso, depois de receber a medalha de honra do município mais alto de Portugal.

Francisco Pinto Balsemão lembra-se das viagens que fazia para Lisboa, embrulhado em papel de jornal para não enjoar. “Fazia-se em duas etapas, umas vezes parava-se no Luso para almoçar, outras na Figueira da Foz. E eram curvas e mais curvas e eu enjoava. Então embrulhavam-me em papel de jornal alegando que o embrulhar em papel de jornal ajudaria a que não enjoasse”. O fundador do Expresso e patrão dos media não se recorda se resultou como anti-enjoo. “Mas deu-me sorte para a vida e levou-me para os jornais.”

Ana Baiao

Nasceu em Lisboa há 85 anos, filho e neto de guardenses ilustres. O avô, também Francisco Pinto Balsemão, era natural de Alfaiates, Sabugal. Com o bisavô, Francisco António Patrício, fundou a Empresa de Luz Elétrica, que fez chegar a eletricidade à Guarda em 1899. Anos depois, em 1902, instalaram a primeira rede de telefones da cidade. Os empresários fundaram a primeira fábrica de lanifícios e tapetes, que viria a chamar-se Balsemão & Patrício e laborou entre 1931 e 1961 e foi a mais importante empresa têxtil da região. “A primeira fábrica de lanifícios à séria, entrava o carneiro por um lado saía a fazenda por outro, e mais tarde foi tapetes”, diria aos jornalistas no final da sessão.

Na cidade permanece uma marca forte da família, a casa doada ao Instituto de São Miguel, uma instituição particular de solidariedade social. Ali funcionam a creche, jardim de infância e ATL e vários representantes da instituição marcaram emocionada presença na cerimónia.

A Guarda onde passava férias e fazia amigos, foi também o distrito que lhe deu entrada na vida política, em 1969, tendo sido eleito deputado à assembleia nacional. O atual autarca destacou a forma como Balsemão fez campanha próximo das pessoas e fazia questão de estar próximo das populações. O homenageado contou que teve a preocupação de “cuidar do distrito” levando as questões que preocupavam as populações ao Terreiro do Paço.

Sérgio Costa recordou o percurso político, de intervenção social e de defensor da democracia do novo cidadão honorário da Guarda. “Creio que este cidadão procurou sempre que o seu semelhante pudesse decidir devidamente informado, com a plena verdade dos factos, sapiente do poder da comunicação e do perigo que espreita nas maiores e mais antigas democracias e que hoje chamamos de fake news”, referiu o autarca enquanto o homenageado anuía com a cabeça.

Numa sessão de memórias, Francisco Pinto Balsemão não deixou de olhar para o futuro, salientado a importância da reforma da justiça: “Estamos há décadas à espera de uma reforma judicial que ponha as coisas a andar para que não haja possibilidade de haver julgamentos adiados 12, 14 anos. Não podemos viver assim”.

Exortando a sociedade civil a ser mais ativa, falou de novos desafios: “Esta medalha, apesar da minha provecta idade, anima-me a continuar. Acho que tenho muito para fazer, para dar, estou amplamente envolvido com a inteligência artificial, em todo este problema dos robôs, temos de estar atentos, temos de aproveitar e olhar para tudo o que nos espera e ainda não percebemos o que vai acontecer”.

Horas antes, o diretor do Expresso, João Vieira Pereira anunciara a entrada do Expresso no metaverso.

Francisco Pinto Balsemão assinou o livro de honra da Guarda
Ana Baiao

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