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“Recebemos ameaças, temos medo, e continuamos o nosso trabalho”

“Recebemos ameaças, temos medo, e continuamos o nosso trabalho”

Uma conferência sobre jornalismo juntou jovens de Santarém na biblioteca municipal. O diretor do Expresso respondeu a questões sobre a pressão a que os jornalistas estão sujeitos

Marina Almeida

Durante uma hora, o tema foram os jornalistas, as notícias e os desafios da informação. Perante um grupo de alunos do 12º ano da Escola Secundária Ginestal Machado, em Santarém, João Vieira Pereira assumiu ter recebido “ameaças graves” durante a investigação que o Expresso fez ao grupo Espírito Santo. “Recebemos ameaças, temos medo, e continuamos o nosso trabalho”, disse.

Joaquim Emídio, diretor geral do semanário regional O Mirante partilhou a sua experiência, quando noticiou o caso de um governador civil que tinha uma empresa de construção civil e foi alvo de um processo. “Fui ameaçado, não cedi, ele ligou a várias entidades para deixarem de fazer publicidade no jornal”.

A plateia atenta escutava-os, assim como o diretor-adjunto do Expresso, David Dinis, numa conversa onde se falou de questões longínquas como disquetes, jornais que se faziam sem telemóveis ou computadores ligados à internet, e dos desafios do tempo presente, com a informação atualizada ao segundo. Quando entrou na profissão em 1995, deram a David Dinis três dias para escrever um texto. “Era como estar a cozinhar lentamente”, disse aos jovens. Hoje os tempos são outros, e os desafios também: “a nossa permanente angústia é descodificar o que está a acontecer. É espetacular, mas é angustiante e uma missão que nunca acaba”.

Numa plateia de jovens estudantes de artes do espetáculo, com hábitos de consumo de informação que passam pelas redes sociais, principalmente o Instagram, pela televisão e também pela rádio, procuraram-se caminhos para o desafio de chegar a estes leitores. Por exemplo, com o projeto Geração E, em que os mais jovens jornalistas do Expresso propõem e trabalham temas. “São eles que nos estão a ensinar”, disse David Dinis. “Sempre que pomos online um texto da Geração E têm um sucesso gigantesco”.

No fim da sessão, Afonso, Stephanie e Xénia trocaram impressões sobre a forma como se informam. “Recebem” as notícias, principalmente nas redes sociais e só assumem um papel ativo quando são temas que lhes interessam, como artes ou música.

Antes de sairem da biblioteca, os jovens ainda se juntaram à volta do computador do jornalista Vítor Andrade, onde puderam ver a edição de sexta-feira do Expresso a ser trabalhada e espreitaram a manchete do dia.

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