Em 1995 (era António Guterres primeiro-ministro) começa como secretário de Estado do Ambiente e acaba como ministro da mesma pasta (1999). Com o PS afastado do poder em 2002, passa a comentador político na RTP, fazendo dupla com Santana Lopes. Em 2004, no XIV Congresso do PS, é eleito secretário-geral e, um ano depois, defrontará o seu antigo companheiro de ecrã (Santana Lopes) numas eleições legislativas que se saldam pela primeira maioria absoluta socialista. Volta a disputar eleições em 2009, onde o objetivo declarado de todos os adversários, da direita à esquerda, era tirar-lhe a maioria absoluta, coisa que conseguem, embora o PS fosse, de longe, o partido mais votado.
Em 2011, na sequência da crise europeia das dívidas soberanas, é derrubado por uma moção de censura, votada também por toda a esquerda, que, desta forma, estende à direita a passadeira vermelha para ganhar as eleições seguintes, o que sucederá ainda nesse ano, com Passos Coelho a ascender a primeiro-ministro. Parecia seguir-se um momento de acalmia na frenética carreira política de Sócrates (que vai estudar para França), mas não aconteceu. A 21 de novembro de 2014 seria detido à chegada ao aeroporto de Lisboa — era algo que nunca sucedera a nenhum membro de um Governo, muito menos a um primeiro-ministro. Iniciava-se uma longa e intrincada batalha jurídica sem fim à vista: a Operação Marquês.
O primeiro Governo de Sócrates procurou fazer reformas em diversas áreas, desde a educação aos transportes e às novas tecnologias. Esta última componente acabou por ter algum sucesso, como o Programa Simplex, visando permitir aos cidadãos tratar de assuntos administrativos através da internet e com menores procedimentos burocráticos. São dessa altura o Cartão de Cidadão, a Empresa na Hora ou o Documento Único Automóvel... Idem para a introdução das tecnologias de informação nos níveis mais básicos do ensino, o que passou pelo programa de aquisição e distribuição de minicomputadores batizados como Magalhães (mais tarde seriam levantadas dúvidas acerca da regularidade da contratação pública desta operação). No caso dos transportes apostou-se na criação da rede ferroviária de alta velocidade (projetos de TGV para Badajoz, Porto e Vigo), em novas autoestradas, como a transversal do Alentejo entre Sines e Beja (A26), e num novo aeroporto para Lisboa, que, ao sabor de sucessivos estudos, foi derivando da Ota para Alcochete.
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