
Em Abrantes, Constância e Sardoal, José Luís Peixoto conduz palavras inscritas no papel e na pedra
Em Abrantes, Constância e Sardoal, José Luís Peixoto conduz palavras inscritas no papel e na pedra
Jornalista
Pode ler-se nas páginas de “Onde” ou nos excertos inscritos na pedra, colocados em cada um dos 62 locais de Abrantes, Constância e Sardoal referidos. A obra-viagem desenhada por José Luís Peixoto é um roteiro para partir à descoberta dos territórios de António Botto, Camões e Gil Vicente, com histórias, paisagens, memórias, aventuras, e gente dentro. “Sabemos que existimos ao mesmo tempo, eu aqui, tu aí. Agora, deixemos a natureza falar.” Paisagem, poesia e geografia cruzam-se pelo caminho. Desenhe esta viagem interior a seu bel-prazer, sem ordem definida. Em Abrantes, pare no Cais de Acostagem de Rio de Moinhos, no Alto de Santo António, no Miradouro da Penha, em Tramagal, ou no do Cristo Rei, em Matagosa, no Castelo e no jardim circundante. Ou na Biblioteca Municipal de António Botto (Tel. 241 330 100): “A biblioteca está a ver-te. A partir das janelas abertas, esse olhar não te larga (...). A tua pele são as tuas paredes, como as paredes da biblioteca são a sua pele. As prateleiras de livros são as suas veias e artérias. Através delas, fluem palavras como sangue ou seiva, são a transcrição literal dos teus pensamentos. A biblioteca está a ler-te. Tu és a biblioteca da biblioteca.” Num périplo por memória, espaço e tempo, rume a Constância, onde, entre outros, são ponto de paragem emblemáticos a Praça Alexandre Herculano, o Largo Cabral Moncada e as Escadinhas do Tem-Te Bem. “Namorar é lançar-se ao descobrimento do outro, fazer-se ao enorme oceano sem certezas, apenas com a crença de que há mundo no outro lado do horizonte. Os bancos de jardim são as caravelas dessa demanda. Sem o passado que abrigam, sem tudo o que aconteceu na sua presença, não estaríamos aqui. Essa realidade seria muito diferente deste instante que nos rodeia, deste tempo que namoramos. É um namoro sério” pode ler-se em “Onde”. Território de descobertas e revelações, no Sardoal, a obra e o passeio partem à conquista dos Moinhos de Entrevinhas, da Praça da República ou do Chafariz das Três Bicas.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: amfonseca@impresa.pt