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Durante 56 dias, os moradores do prédio ficaram reféns de traficantes. O crime ficou sem castigo

A porta blindada era igual à de uma prisão: tinha ferrolhos em cima, em baixo e de lado, e um postigo que era aberto quando o cliente aparecia para comprar droga
A porta blindada era igual à de uma prisão: tinha ferrolhos em cima, em baixo e de lado, e um postigo que era aberto quando o cliente aparecia para comprar droga
NUNO FOX

Suspeitos instalaram porta blindada num prédio para se protegerem da polícia. Moradores pediam autorização para entrar ou sair

Durante 56 dias, os moradores do prédio ficaram reféns de traficantes. O crime ficou sem castigo

Rui Gustavo

Jornalista

Durante quase dois meses, entre 6 de agosto e 30 de setembro de 2021, um grupo de traficantes de droga instalou uma porta blindada, que só eles podiam abrir, num prédio em Lisboa e sequestrou os habitantes, que, para poderem entrar ou sair de casa, tinham de pedir licença e muitas vezes esperar que uma qualquer transação ou operação terminasse. Isto aconteceu num bairro perto das Olaias; e, apesar de a polícia ter conseguido desmantelar a quadrilha e desmontar a porta, este crime vai ficar sem castigo.

O Ministério Público acusou 12 homens que terão trabalhado na “banca do Granja”, como era conhecido este ponto de venda de cocaína e heroína, que chegou a traficar 50% da droga consumida nesta região específica de Lisboa. Vão ser julgados pelo crime de tráfico de droga, mas ninguém foi acusado de sequestro ou de algum crime semelhante, apesar de a acusação da procuradora Tânia Albuquerque identificar quem montou a porta e quem decidiu instalá-la e de reconhecer que ela “estava sempre fechada” e “só abria quando o vigilante dava indicações ao vendedor para deixar entrar um morador”. Porquê?

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