A chuva que se prevê cair esta semana não vai aliviar o país da seca que assola todo o território continental. De acordo com os últimos dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 66% do país encontra-se em seca extrema e 33% em seca severa, anunciaram o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, esta terça-feira em conferência de imprensa conjunta.
“Temos de nos habituar a viver com menos água”, afirmou Duarte Cordeiro, assegurando que “o país tem água para consumo humano salvaguardada para dois anos”.
A comunicação sucedeu a mais uma reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES).
No fim, os dois governantes acrescentaram mais 28 medidas para enfrentar a seca às 50 anunciadas desde fevereiro. Entre estas, preparam-se novas campanhas de sensibilização para um uso mais eficiente e consciente da água, dirigidas a consumidores, agricultores e industriais e que serão lançadas até julho.
Duarte Cordeiro também informou que Lisboa está em permanente articulação com Madrid, tendo em conta que Espanha também atravessa uma situação extrema de seca e que haverá nova reunião entre os dois países no final do mês.
Além das medidas de curto prazo, associadas a fecho de fontanários, limitações de uso de água na agricultura, restrições de rega de espaços verdes e restrições na produção hidroelétrica, o governante relembrou as medidas estruturais associadas à reutilização de águas residuais tratadas, nomeadamente no Algarve.
Para enfrentar o problema da falta de água no futuro, associado às alterações climáticas, o Plano de Eficiência Hídrica do Algarve prevê 200 milhões do Programa de recuperação e Resiliência para projetos de reutilização de águas residuais e duma dessalinizadora.
Um plano semelhante adaptado ao Alentejo deverá estar concluído até julho e será elaborado um terceiro para a região do Tejo e Oeste. São ações para enfrentar "de forma mais resiliente” o problema da seca em Portugal, defendeu o ministro do Ambiente.
Na área Agricultura, a ministra Maria do Céu Antunes anunciou que das 44 albufeiras monitorizadas, 37 barragens asseguram armazenamento para manter campanhas de rega, mas o seu uso está a ser feito "de forma muito criteriosa".
No caso da barragem da Bravura, no Algarve, com menos de 14% da sua capacidade, o uso está a ser exclusivamente para abastecimento público e foram abertos dois furos para rega agrícola e abeberamento de animais.
Já na de Santa Clara, no Alentejo, a captação agrícola passou de 3550 hm3 por hectares para um máximo de 2000 hm3/ha no perímetro do Mira. E está previsto o "rebaixamento da quota" para criar condições para o abastecimento público e para a regra.
O investimento previsto para a construção de uma estação elevatória em Santa Clara ronda seis milhões de euros, e o processo está em concurso público. Estão previstos mais “15 milhões de euros do PDR2020 para melhorar a eficiência hídrica naquele canal", anunciou a ministra, apontando para uma “redução dos consumos agrícolas de 35%”.
A ministra da Agricultura procurou assegurar a campanha de rega para 2022, recorrendo "ao uso eficiente da água e a planos de contingência”.
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