Exclusivo

Sociedade

O PAC não é ‘verde’ e tem áreas cinzentas

Peritos defendem “lei que impeça contínuas monoculturas”, como as das estufas da Costa Vicentina, “que vão deixar sem água a região”
Peritos defendem “lei que impeça contínuas monoculturas”, como as das estufas da Costa Vicentina, “que vão deixar sem água a região”
MÁRIO CRUZ/LUSA

Em Bruxelas, discute-se a Política Agrícola Comum. Especialistas criticam “pouca ambição” de Portugal

O PAC não é ‘verde’ e tem áreas cinzentas

Carla Tomás

Jornalista

O que se decidir em Bruxelas, esta semana, vai traçar o rumo dos milhões de euros que saem do bolso dos contribuintes para a agricultura europeia nos próximos sete anos. E apesar de a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, sublinhar o empenho em “garantir uma agricultura mais ecológica e resiliente” e anunciar “maior ambição ambiental e climática” — com envelopes financeiros para os chamados regimes ecológicos da nova Política Agrícola Comum (PAC) — muitos duvidam. O modelo da PAC para 2021-2027 soma €385 mil milhões, o que corresponde a 30% do orçamento comunitário para o mesmo período, e segundo a rede de organizações não governamentais European Environment Bureau, “o acordo que se avizinha irá causar mais destruição ambiental e continuar a beneficiar um pequeno grupo de grandes proprietários de terras, muitos ligados à agroindústria”. Em consequência, a perda de biodiversidade e a poluição da água, do ar e do solo, em vez de serem refreadas, vão agravar-se.

Vários ambientalistas e especialistas contactados pelo Expresso olham para o pacote em cima da mesa como uma mera operação de “greenwashing” e não uma verdadeira política verde ao encontro do Pacto Ecológico Europeu e da “Estratégia do Prado ao Prato”. O que se vislumbra do Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC), em Portugal (em preparação desde 2017, e cuja consulta pública está anunciada para julho), parece longe de ir ao encontro de uma agricultura ambientalmente mais sustentável.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate