Desolação nos restaurantes do Parque das Nações

Estabelecimentos encerrados, outros abertos mas sem clientes. Em dia de recolher obrigatório, no Parque das Nações quem marca o ritmo são os homens e mulheres das entregas de comida ao domicílio
Estabelecimentos encerrados, outros abertos mas sem clientes. Em dia de recolher obrigatório, no Parque das Nações quem marca o ritmo são os homens e mulheres das entregas de comida ao domicílio
Jornalista
Entre as 12h e as 13h o cenário na restauração da zona norte do Parque das Nações é de desolação. A esmagadora das esplanadas está vazia e muitos dos restaurantes encontram-se de porta fechada. Junto ao rio, umas poucas pessoas correm ou passeiam entre os pingos da chuva. Também em ritmo apressado, alguns trabalhadores de entregas ao domicílio entram e saem dos estabelecimentos comerciais abertos com as suas mochilas coloridas às costas.
Emanuel Oliveira, 34 anos, gerente do restaurante L’Origin by Chakall, mantém a esperança no futuro apesar das crescentes restrições no meio da restauração . “Temos de aguentar o barco até a tempestade passar. O que vamos fazer? Estamos preocupados em não despedir ninguém. Desde a primeira vaga conseguimos não despedir ninguém.” Para fintar o recolher o recolher obrigatório lançaram neste sábado de recolher obrigatório um novo menu: um brunch (espécie de pequeno almoço tardio) que vem substituir os almoços aos fins de semana. “Temos de nos adaptar a esta nova realidade. Ninguém vem almoçar ao meio dia.”
Na esplanada encontra-se apenas um casal belga que termina a sua pizza. Esta manhã houve total doze clientes, um número que Emanuel Oliveira considera de “razoável”. Para compensar o encerramento às 13h decidiram abrir as portas mais cedo: 10h da manhã. “Depois das 13h vamos apostar nas entregas a casa. Mas aí perdemos sempre 30% do dinheiro para as plataformas de entregas ao domicílio.”
No restaurante vizinho, o Labrazza Steakhouse, pelo contrário, a opção foi não abrir as portas para almoços presenciais. Juliana Salvador, 26 anos, responsável pelo marketing do estabelecimento, está a escrever com um giz uma tabuleta onde alertam: “Estamos encerrados”. E afirma: “Só vamos ter take away até às 13h. Depois disso vamos ter entregas que vão ser feitas de preferências pelo nosso pessoal.”
Sobre o recolher obrigatório aos fins de semana faz algumas críticas. “Os fins de semanas têm sido precisamente o melhor período dos restaurantes.” Para Juliana Salvador, a União Europeia devia dar apoio financeiro aos trabalhadores da restauração, que passam por uma crise sem precedentes. “Fechar as portas pode vir a ser a única solução para nós.”
Quem parece não ter razão de queixa são os homens e mulheres das entregas de comida ao domicílio. Marco, sentado na sua lambreta, já com a mochila carregada com várias refeições, sorri quando é inquirido sobre como está a correr este dia de trabalho. “Estamos com muitos pedidos de almoços. E sinto que vai ser uma tarde muito ativa para nós.”
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