Sociedade

Desolação nos restaurantes do Parque das Nações

Desolação nos restaurantes do Parque das Nações
Jose Fernandes

Estabelecimentos encerrados, outros abertos mas sem clientes. Em dia de recolher obrigatório, no Parque das Nações quem marca o ritmo são os homens e mulheres das entregas de comida ao domicílio

Desolação nos restaurantes do Parque das Nações

Hugo Franco

Jornalista

Entre as 12h e as 13h o cenário na restauração da zona norte do Parque das Nações é de desolação. A esmagadora das esplanadas está vazia e muitos dos restaurantes encontram-se de porta fechada. Junto ao rio, umas poucas pessoas correm ou passeiam entre os pingos da chuva. Também em ritmo apressado, alguns trabalhadores de entregas ao domicílio entram e saem dos estabelecimentos comerciais abertos com as suas mochilas coloridas às costas.

Emanuel Oliveira, 34 anos, gerente do restaurante L’Origin by Chakall, mantém a esperança no futuro apesar das crescentes restrições no meio da restauração . “Temos de aguentar o barco até a tempestade passar. O que vamos fazer? Estamos preocupados em não despedir ninguém. Desde a primeira vaga conseguimos não despedir ninguém.” Para fintar o recolher o recolher obrigatório lançaram neste sábado de recolher obrigatório um novo menu: um brunch (espécie de pequeno almoço tardio) que vem substituir os almoços aos fins de semana. “Temos de nos adaptar a esta nova realidade. Ninguém vem almoçar ao meio dia.”

Na esplanada encontra-se apenas um casal belga que termina a sua pizza. Esta manhã houve total doze clientes, um número que Emanuel Oliveira considera de “razoável”. Para compensar o encerramento às 13h decidiram abrir as portas mais cedo: 10h da manhã. “Depois das 13h vamos apostar nas entregas a casa. Mas aí perdemos sempre 30% do dinheiro para as plataformas de entregas ao domicílio.”

No restaurante vizinho, o Labrazza Steakhouse, pelo contrário, a opção foi não abrir as portas para almoços presenciais. Juliana Salvador, 26 anos, responsável pelo marketing do estabelecimento, está a escrever com um giz uma tabuleta onde alertam: “Estamos encerrados”. E afirma: “Só vamos ter take away até às 13h. Depois disso vamos ter entregas que vão ser feitas de preferências pelo nosso pessoal.”

Sobre o recolher obrigatório aos fins de semana faz algumas críticas. “Os fins de semanas têm sido precisamente o melhor período dos restaurantes.” Para Juliana Salvador, a União Europeia devia dar apoio financeiro aos trabalhadores da restauração, que passam por uma crise sem precedentes. “Fechar as portas pode vir a ser a única solução para nós.”

Quem parece não ter razão de queixa são os homens e mulheres das entregas de comida ao domicílio. Marco, sentado na sua lambreta, já com a mochila carregada com várias refeições, sorri quando é inquirido sobre como está a correr este dia de trabalho. “Estamos com muitos pedidos de almoços. E sinto que vai ser uma tarde muito ativa para nós.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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