Política

“Em ano de autárquicas há mais incêndios florestais”: Marcelo lança alerta para o reforço da prevenção

“Em ano de autárquicas há mais incêndios florestais”: Marcelo lança alerta para o reforço da prevenção
Rui Duarte Silva

Em Caminha, o Presidente da República assistiu a uma ação de limpeza de um terreno contíguo ao Lugar da Aldeia Nova, em Venade. Apesar de frisar que Portugal melhorou na prevenção e combate aos incêndios desde o verão trágico de 2017, o Presidente da República adverte ser preciso estar atento por haver dados que apontam para mais fogos em anos de eleições locais

“Em ano de autárquicas há mais incêndios florestais”: Marcelo lança alerta para o reforço da prevenção

Isabel Paulo

Jornalista

Durante a limpeza de um terreno sobranceiro a um pequeno conjunto habitacional no Lugar da Aldeia Nova, o Presidente da República avisou, esta terça-feira, que há dados que indiciam que em ano de autárquicas “há mais ocorrências de incêndios” florestais. Marcelo Rebelo de Sousa confirmava a chamada de atenção feita nesse sentido pelo presidente da Câmara de Caminha e responsável pela Comissão Distrital da Proteção Civil de Viana do Castelo, preocupado com a “falta de recursos” de combate aos incêndios em vésperas de eleições locais, lembrando que é quando “existem mais ocorrências” de fogos.

A cumprir o segundo dia da Presidência de proximidade no Alto Minho, ao som das moto-serras que procediam à desmatagem de vegetação rasteira numa faixa de terreno baldio e público, Marcelo concordou com o autarca que o fenómeno é real, embora “não se saiba bem porquê”.

“Há várias teorias, desde uma maior atenção pela realidade local à disputa política”, avançou, apontando ainda uma terceira pista, “a da falta de madeira”, consequência de nos últimos verões terem existido menos incêndios.

“A ideia é prevenir, prevenir, prevenir”, defendeu o chefe de Estado, numa altura em que faltam apenas quatro dias para o fim do prazo legal de limpeza de terrenos, mesmo admitindo que, em tempos de pandemia, nem sempre é fácil cumprir esta exigência. “As pessoas têm outras preocupações na cabeça e ainda falta de meios financeiros devido à crise”, concedeu Marcelo, apelando ser necessário garantir que não ficam por limpar áreas de risco para as populações.

“O Estado só pode intervir com mais recursos e meios em zonas públicas, não em propriedade privada”, advertiu ainda, antes de concluir que este já é um debate político. Marcelo não tem dúvidas que a “Humanidade tem um grande coração, mas pode sempre haver exceções de um ou outro com apetite para aproveitar aquilo que a natureza suscita como oferta, no caso madeira que chega ao mercado como consequência dos fogos”, referiu.

Apesar do “bom cenário” dos últimos três anos, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que antes de 2017 a questão do “ordenamento territorial era caótica”, mesmo que o problema não se resolva em três ou quatro anos ou pelo atual Governo. “O país mudou muito, temos um ordenamento mais metropolitano do que rural, mas que não avançou de forma coerente ou disciplinada”, diz, enquanto adverte que “há coisas que não se controlam, como as "atuações criminosas ou as condições meteorológicas”.

Se não é possível acautelar a segunda, Marcelo não tem dúvidas como prevenir a primeira: “Punir exemplarmente os criminosos”.

O autarca socialista lembrou que o distrito de Viana do Castelo é o quarto do país em ocorrência de fogos, embora figure em 18º lugar na correlação de recursos humanos disponibilizados para o combate a incêndios. “Mesmo que os nossos bombeiros trabalhem com arreganho e dedicação, precisamos de mais bombeiros profissionais, o voluntariado já não resolve”, preconiza Miguel Alves.

Marcelo optou por colocar alguma água na fervura, ao lembrar que hoje há mais profissionais nas forças de segurança e nas estruturas de proteção civil, embora admita que a componente de “mais profissionalização” nos bombeiros seja necessária, por serem quem conhece o terreno das suas regiões “como mais ninguém”.

Em relação ao diferendo que envolve o SIRESP, Marcelo Rebelo de Sousa sustenta tratar-se de um problema jurídico, questão que advoga “espere um bocadinho”. “Estamos em véspera do verão, encontre-se uma solução para não ser o problema jurídico a impedir que haja meios” no terreno.

No final, Sapadores Florestais, Bombeiros Voluntários de Caminha e Vila Praia de Âncora não escaparam, de bom grado e até em regime de voluntariado, às selfies da praxe, um a um e em grupo.

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