Política

PSD quer saber quanto ganham administradores da TAP: "É mais um episódio opaco, errático e lesivo do interesse público"

O presidente do PSD, Rui Rio, numa discussão no Parlamento
O presidente do PSD, Rui Rio, numa discussão no Parlamento
ANTÓNIO COTRIM
Bancada social-democrata questiona Governo sobre remunerações da companhia aérea, em especial quanto ganha o CEO interino da TAP, Ramiro Sequeira, que terá recebido um aumento de 100 %, cerca de € 500 mil/ano. PSD diz que é deplorável que tal suceda a anteceder o maior despedimento coletivo público
PSD quer saber quanto ganham administradores da TAP: "É mais um episódio opaco, errático e lesivo do interesse público"

Isabel Paulo

Jornalista

Os deputados da Comissão de Economia do PSD apresentaram, estar terça-feira, um requerimento na Assembleia da República a questionar o o aumento das remunerações da administração da TAP e se esta foi uma iniciativa do Governo. A bancada laranja quer saber em concreto se a tutela confirma os valores tornados públicos - que apontam para a duplicação do salário de Ramiro Sequeira, que ocupa interinamente o cargo de presidente executivo da TAP - e se vai dar orientações para que esta decisão seja revertida com “caráter imediato e efeitos retroativos, se for o caso“.

Em comunicado, o PSD considera o país acordou “ontem perplexo” com a notícia de que vários administradores da TAP foram aumentados nos últimos meses, em especial o CEO interino, Ramiro Sequeira, o qual, segundo as informações divulgadas, “beneficia de um aumento superior a 100 %, auferindo perto de € 500 mil por ano”. Para o partido liderado por Rui Rio, “É deplorável que tal suceda quando se está na iminência de verificar na TAP o maior despedimento coletivo público de que há memória e a impor perdas significativas nos salários dos seus colaboradores”.

O PSD lamenta ainda que o beneficiário em causa seja CEO a título interino e que a escolha do novo CEO “se arrasta irresponsavelmente”, quando a empresa está a renegociar a sua reestruturação. “Não será deste modo que se encontra a paz social na empresa e se criam as condições para que qualquer plano seja coroado de êxito. Não será deste modo, manchando a reputação da empresa e descredibilizando-a perante Bruxelas, decidindo em sentido oposto ao que está inscrito no plano de reestruturação para os demais trabalhadores, que se negoceia com a Comissão Europeia em condições adequadas”, advertem os sociais-democratas, que lastimam que o Governo não tenham vindo desmentir a situação salarial do administrador em causa.

Na opinião dos deputados que subscreveram o requerimento, entre os quais de contam Carlos Silva, Afonso Oliveira, Cristóvão Norte, “este é mais um episódio do modo opaco, errático como se conduz os destinos da empresa, lesivo do interesse público que o Governo tem por missão defender”.

A confirmar-se a duplicação do vencimento de Ramiro Sequeira, o PSD defende que tal decisão mina “a confiança dos cidadãos num Governo que decidiu colocar € 3,7 mil milhões dos seus impostos” na companhia de bandeira portuguesa, mas que persiste em se recusar a dar a conhecer ao parlamento o plano de reestruturação que será objeto de negociação em Bruxelas, “privando os representantes dos portugueses de exercerem qualquer escrutínio”.

“O Governo ainda não deu - e as suas decisões não apontam nesse sentido - quaisquer garantias que o dinheiro que se coloca na TAP será bem empregue e que a empresa não continue a ser o que foi até aqui em termos de prejuízos e insustentabilidade”, escrevem os deputados laranja.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IPaulo@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate