Caro leitor,
É cedo para sabermos que retrato vão os lisboetas tirar a Carlos Moedas até às autárquicas de 12 de outubro, mas a tragédia da Calçada da Glória não dá espaço a equívocos. As tragédias são assim mesmo, sofridas mas clarificadoras, e vamos finalmente ficar a saber de que fibra é feito o político que em 2011 Passos Coelho escolheu para acompanhar o escrupuloso cumprimento do memorando da troika, que em 2014 deu um salto gigante para comissário europeu em Bruxelas, que na volta, já “agarrado” à política, sonhou ser líder do PSD e primeiro-ministro, e que, quando há quatro anos ganhou Lisboa a Medina, não disfarçou um certo ar de fadado para dois passos atrás à espera do salto em frente. Governar Lisboa não era a sua maior paixão. É público que sonhou com o lugar de Montenegro. Quando o Luis cair, o seu nome estará na lista dos candidatos à sucessão. E as ambições futuras de Moedas não são alheias à forma como nos últimos quatro anos governou a cidade, obsessivamente focado num trabalho exaustivo, cuidado e profissional da sua própria imagem. A tragédia do elevador da Glória foi um trambolho também nesta caminhada. O susto e o desnorte deram nas vistas e as autárquicas da reeleição que já parecia anunciada vão, afinal, decidir o seu futuro: superar-se ou morrer.
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