Lusa

Familiares de militares israelitas mortos em 7 de outubro querem comissão de investigação

Familiares de militares israelitas mortos em 7 de outubro querem comissão de investigação
LISI NIESNER

A decisão dos familiares dos soldados israelitas mortos a 7 de outubro acontece após a emissora pública indicar que os serviços secretos sabiam antecipadamente os planos do Hamas. O governo israelita defende que a investigação só deve ocorrer após o final da incursão em Gaza

Familiares de soldados israelitas mortos no decurso dos ataques do Hamas e de outras fações palestinianas em 7 de outubro passado anunciaram hoje uma iniciativa para a formação de uma comissão nacional de investigação sobre as falhas de segurança.

O anúncio sobre a formação deste fórum ocorre um dia após a emissora pública israelita Kan ter indicado que os serviços secretos israelitas conheciam "com elevado grau de precisão", e com antecedência, os planos do movimento islamita palestiniano Hamas para sequestrar civis e militares no decurso da incursão.

O fórum, designado "A sua voz, fórum de famílias de soldados de vigilância" considera que os responsáveis pelas falhas de segurança -- que implicou a morte de dezenas de soldados responsáveis por tarefas de vigilância durante os ataques de 7 de outubro a partir da Faixa de Gaza -- devem ser julgados em tribunal.

Segundo dados oficiais israelitas, cerca de 1.200 pessoas, incluindo centenas de militares, foram mortos nos ataques e perto de 250 feitos reféns e enviados para a Faixa de Gaza.

O organismo é integrado por familiares dos 66 soldados mortos na base militar de Nahal Oz, 15 deles com tarefas de vigilância, uma posição ocupada quase exclusivamente por mulheres, indicou o diário The Times of Israel. Outros cinco militares deste serviço encontram-se entre os sequestrados em Gaza.

"A negligência na base de Nahal Oz, que implicou a sua morte, deve ser investigada de forma específica pela comissão de investigação que será estabelecida", indica o texto, antes de sublinhar que nunca aceitarão que uma eventual de demissão de altos cargos "absolva os responsáveis".

O documento dos serviços secretos, redigido pela Divisão de Gaza do Exército israelita, foi distribuído em 19 de setembro de 2023, três semanas antes dos ataques.

O relatório pormenoriza os treinos efetuados por unidades de elite do Hamas que incluem práticas sobre ataques contra posições militares e 'kibbutz' (comunidades assentes na agricultura) em território israelita, o sequestro de soldados e civis e ainda instruções sobre as condições em que deveriam ser detidos após o seu envio para a Faixa de Gaza.

O Governo israelita, que prometeu por diversas ocasiões uma investigação sobre as falhas de segurança que permitiram os ataques, ainda não se pronunciou sobre estas informações.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sublinhou por diversas vezes que as investigações devem ocorrer após o final do conflito. No entanto, o Exército israelita já abriu a sua própria investigação e espera-se que as conclusões sejam divulgadas em julho.

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