Conjugar sustentabilidade com atividade económica é a equação complexa cuja solução pode ser a chave para as florestas. Entre desafios que surgem e especificidades, como mais de 84% das florestas em Portugal continental (dados do ICNF) estarem em propriedade privada, importa perceber que propostas estão a ser desenvolvidas neste campo. Por isso desafiamos 30 personalidades a apresentarem 30 novos contributos — que temos vindo a publicar — para mudar a floresta. Conheça os últimos dez.
ADN ambiental
António Mendes
“A pergunta de um país que precisa urgentemente de conhecer melhor o seu território” pode ter como resposta a “nova ferramenta de biologia molecular, o ADN ambiental”. Trata-se de algo que, segundo o investigador do Global Biosciences Center da SGS, “permite detetar a presença de centenas de espécies a partir de vestígios genéticos invisíveis que cada ser vivo deixa”.
Galerias ripícolas
Amadeu Soares
Também conhecidas como bosques ribeirinhos, as galerias ripícolas “acompanham os cursos de água e são essenciais para a estrutura ecológica do território” explica o diretor do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. A sua requalificação “representa uma medida capaz de aumentar a mancha de floresta autóctone de forma estratégica e transversal, ligando ecossistemas mesmo em paisagens dominadas por outros usos”.
Informações em tempo real
Sílvia Nunes
A CeaseFire, “plataforma que permite o acesso a um conjunto de informações diárias relacionadas com a previsão até nove dias do risco meteorológico de incêndio em Portugal”, é o projeto da investigadora do Instituto Dom Luiz, numa equipa que também inclui Ricardo Trigo e Carlos da Câmara.
Envolvimento dos cidadãos
Elisabete Figueiredo
Coordenado em conjunto com Eduarda Fernandes (Instituto Politécnico de Leiria), o ShareFOREST pretende promover “mecanismos e estratégias participativas para envolvimento dos cidadãos nas decisões relativas à gestão florestal”. Com foco “nas matas do litoral da região Centro, severamente afetadas pelos incêndios de outubro de 2017”.
Mosca para controlar pragas
Catarina Gonçalves
O gorgulho-do-eucalipto é um inseto “que se alimenta das folhas do eucalipto e pode reduzir drasticamente a produtividade”, explica a investigadora do RAIZ - Instituto de Investigação da Floresta e Papel. Para combater a praga, socorreram-se de um “inimigo natural ainda pouco conhecido, a mosca Anagonia lasiophthalma”, que “insere os seus ovos nas larvas de gorgulho” para o substituir. “No final, emerge uma nova anagonia” como um “método de controlo autossustentável”.
Isolar paredes com biomassa
Sofia Knapic
Foi no contexto da “valorização da biomassa florestal” que surgiu o Value2Prevent “como ferramenta na gestão do risco de incêndio florestal”, conta a coordenadora de Investigação & Inovação do SerQ — Centro de Inovação e Competências da Floresta. O resultado é um “produto para o isolamento de paredes interiores”.
Profissionalizar a resposta pós-fogo
Martinho Martins
A ideia do investigador do Departamento de Ambiente e Ordenamento passa por “um programa nacional que torne operacionais, eficazes e auditáveis as ações de estabilização de emergência pós-incêndio”, e que funcione como “um sistema de monitorização contínua”.
Floresta ao alcance de todos
Gonçalo Almeida Simões
O ForestSTATS é a nova plataforma digital coordenada pela Biond — em colaboração com CoLAB ForestWISE, ISA, Forestis e ANEFA, financiada pelo PRR e na sequência da Agenda Transform — para agregar “dados sobre a floresta em Portugal”, que antes estavam “dispersos, inacessíveis ou pouco claros”, em “13 áreas temáticas com mais de 450 variáveis”, elabora o diretor-geral: “De forma gratuita e intuitiva.”
Lenhina para inovar
Manuela Pintado
Universidade Católica Portuguesa
No Centro de Biotecnologia e Química Fina, revela a investigadora, já se desenvolveram “aplicações sustentáveis a partir de lenhina (composto orgânico encontrado em plantas)” que incluem “revestimentos impermeáveis e resistentes ao calor para embalagens” ou “materiais para uso agrícola em substituição de pesticidas”.
Nova abordagem no minifúndio
Luís Sarabando
Associação Florestal do Baixo Vouga
É num cenário de “reduzida dimensão das propriedades florestais nas regiões norte e centro” que o diretor técnico propõe as Áreas Florestais Agrupadas. Já foram implementadas onze vezes pela associação e constituem “um plano comum de intervenção” em que cada proprietário mantém a “titularidade do seu terreno, participando proporcionalmente nos custos e nos rendimentos”.
NOVAS IDEIAS PARA A FLORESTA
Ao longo das últimas semanas, no semanário e no digital, demos a conhecer 30 propostas inovadoras de um conjunto de personalidades para proteger e valorizar os recursos florestais em Portugal. Novas Ideias para a Floresta é um projeto Expresso com o apoio da Navigator. Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código de conduta online), sem interferência externa.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt