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Medronho não serve apenas para água ardente: uma marca portuguesa transformou-o numa bebida inovadora com baixo teor alcoólico

Medronho não serve apenas para água ardente: uma marca portuguesa transformou-o numa bebida inovadora com baixo teor alcoólico
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A bebida Mood junta água ardente de medronho e sumo natural de fruta. “Não queima na garganta”, assegura o criador e há para todos os gostos

Medronho não serve apenas para água ardente: uma marca portuguesa transformou-o numa bebida inovadora com baixo teor alcoólico

Eunice Parreira

Jornalista

A água ardente de medronho é um conhecido produto português, mas as possibilidades deste fruto são muitas. Com o objetivo de o valorizar, um projeto português desenvolveu uma bebida inovadora à base deste fruto com baixo teor alcoólico e misturada com sumo natural do próprio medronho, laranja, limão ou frutos vermelhos.

Quando estavam a tentar lançar a bebida Mood no mercado, um dos profissionais do setor da distribuição ficou reticente. Perguntava: “mas quem são vocês? Vêm de onde? Isto é mais uma bebida que aparece e depois desaparece?”, recorda Ludovic Troncão Gago, diretor-executivo da Medronho in a Bottle. Ao visitar a Universidade do Algarve, esse senhor deparou-se com um stand da bebida para que os visitantes a experimentassem. Após provar, disse “quero fazer uma encomenda de mil latas”.

O medronho, a base desta bebida, é uma fruta autóctone mediterrânico-atlântico distribuída por toda a Península Ibérica. Há mais de dez anos, Ludovic Troncão Gago decidiu plantar medronheiros por serem resilientes à seca. Com o terreno localizado em Mértola, no Alentejo, a pouca água disponível é suficiente para este arbusto. No entanto, não havia uma garantia de escoamento para este fruto. “Não havia cooperativas a comprar, nem grandes produtores. Então, quando fiz a produção, pensei: vou ter de pensar em qualquer coisa porque sou aqui só um produtor”, recorda. Foi daqui que surgiu o projeto Medronho in a Bottle.

Contou com o apoio da Universidade do Algarve que viu na sua ideia um negócio “facilmente escalonável”, até para mercados estrangeiros. Decidiu investir e criar a bebida Mood, que é “muito difícil” de definir. “Bebe-se de forma diferente [de uma água ardente de medronho], não tem nada a ver. Quando se bebe aqueles cálices de aguardente não consegue beber mais do que um ou dois cálices”, mas esta bebida inovadora contém apenas 5% de teor alcoólico. “Podemos chamar um cocktail, talvez seja o nome mais abrangente. É um cocktail com aguardente de medronho, sumo e gás”, concede.

O baixo teor alcoólico era uma das preocupações de Ludovic Troncão Gago, que nunca apreciou bebidas muito alcoólicas. “Há muitas pessoas que dizem: que mistela é essa que vão fazer? Vocês estão a violentar um produto tradicional... Quem quiser consumir água ardente, tem muita por onde consumir em Portugal”, enquanto a bebida Mood é uma bebida diferenciada gasificada que junta sumo de fruta.

A garrafa de vidro da Mood é totalmente única e personalizada
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Com quatro sabores, medronho, laranja, limão e frutos vermelhos, o objetivo é abranger o maior número de clientes possíveis. Atualmente, estão presentes em várias cadeias de supermercado, o que tem mostrado a curiosidade do público em provar esta bebida. Ludovic Troncão Gago explica que, agora, o objetivo é não “ficar para trás” e conseguir dar resposta a todas as encomendas.

Por enquanto a Medronho Bottle funciona com uma produção manual, mas o objetivo é modernizar a produção e desenvolver novos sabores e produtos. Desde o aproveitamento da polpa à criação de uma bebida sem álcool, “temos quase a cadeia toda, porque temos a produção, fazemos a transformação e produzimos a bebida. Portanto, é-nos fácil virar-nos para um outro produto”. “A bebida é o nosso core, sem dúvida nenhuma, e vamos manter sempre. Mas vamos elevar sempre o medronho.”, garante.

A ajuda imprescindível dos fundos comunitários

O Medronho in a Bottle está a ser apoiado através do programa Algarve 2030 em cerca de 863 mil euros, dos quais 647 mil euros são provenientes do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Este apoio pretende equipar a empresa com tecnologia para expandir a oferta.

“Se não fosse com esta ajuda, a empresa não tinha capacidade, nem o banco ia financiar um projeto deste tamanho”, assegura Ludovic Troncão Gago. Sem este, a produção continuaria “muito limitada”. Além de que “os fundos europeus também vêm dar um pouco de credibilidade, porque não apoiam projetos que não tenham cabeça, tronco e membros”.

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