Transportes

Com lucro de 1,3 mil milhões, IAG acredita no “sucesso" da integração da TAP se “termos" da privatização “forem adequados”

Com lucro de 1,3 mil milhões, IAG acredita no “sucesso" da integração da TAP se “termos" da privatização “forem adequados”
Toby Melville

Grupo que junta a British Airways e a Ibéria vê o lucro crescer 43,8% para 1,3 mil milhões de euros no primeiro semestre. Candidato à privatização da TAP acredita que a integração da companhia portuguesa no "modelo distintivo e comprovado do IAG” pode ser bem sucedida se for nos termos adequados

Com lucro de 1,3 mil milhões, IAG acredita no “sucesso" da integração da TAP se “termos" da privatização “forem adequados”

Anabela Campos

Jornalista

O International Airlines Group (IAG), agrupamento que inclui a British Airways e Iberia, congratulou-se esta sexta-feira com o lançamento da privatização da TAP, afirmando que acredita que a companhia portuguesa poderá ter sucesso no grupo, se os termos do negócio “forem adequados”.

“Se os termos forem adequados, acreditamos que a TAP poderá ter sucesso enquanto parte do modelo distintivo e comprovado do IAG”, apontou um porta-voz do grupo, em comunicado sobre os resultados do primeiro semestre.

O IAG, que inclui a British Airways, a Iberia, a Vueling, a Aer Lingus e a Level, reportou esta sexta-feira um lucro de 1,3 mil milhões de euros até junho, um crescimento de 43,8% face aos 905 milhões de euros do ano anterior.

Em maré de apresentação de resultados do primeiro semestre, os grandes grupos de aviação europeia vão-se posicionando em relação à privatização da TAP. A Air France/KLM afirmou na quinta-feira que mantém o interesse na privatização da TAP, mas ainda a está "a estudar do ponto de vista financeiro", avisando que só avançará para a compra se estiverem reunidas condições para aumentar a margem. Já a alemã Lufthansa, garantindo que se mantém em jogo, adiantou que não tem pressa, uma vez que ainda está a digerir a compra da italiana ITA.

O grupo IAG considerou que a sua solidez financeira permite-lhe modernizar a frota, investir em aeronaves de nova geração e produtos essenciais, e liderar o setor na adoção do Combustível Sustentável para Aviação (SAF).

Sublinhando o que diz serem as virtudes da integração no IAG, o grupo dá como exemplo os resultados positivos para a companhia irlandesa Aer Lingus, privatizada há 15 anos. “O sucesso da Aer Lingus desde a sua integração na IAG em 2015 é um exemplo claro do que pode ser alcançado”, referiu o grupo, realçando que a companhia irlandesa “reforçou a sua marca e mais do que duplicou a sua capacidade de longo curso no ‘hub’ de Dublin”, contando agora com 20 destinos na América do Norte, comparando com apenas quatro antes da integração no grupo.

Receita cresce 8% para 15,9 mil milhões

A receita da IAG, cuja sede é em Madrid, aumentou 8%, para 15,9 mil milhões de euros, e o lucro operacional antes de itens excecionais atingiu 1,878 mil milhões de euros, um aumento de 43,5%.

A procura está a puxar pelas receitas. O presidente do IAG, Luis Gallego, apontou, em comunicado, que o “desempenho sólido na primeira metade de 2025 reflete a resiliência da procura por viagens” e o sucesso da política de transformação do grupo, que contribuiu para aumentar a sua margem operacional em 2,9 pontos percentuais, para 11,8%.

O grupo aéreo registou este semestre uma despesa de 50 milhões de euros que teve de pagar à Globalia pelo fim das negociações para a compra da espanhola Air Europa — conforme estabelecido no acordo entre ambas as partes em fevereiro de 2022 — transação da qual o grupo hispano-britânico desistiu em agosto do ano passado, devido às severas restrições impostas por Bruxelas.

O grupo Air France/KLM, que estava a negociar agora a compra da Air Europa, suspendeu as negociações, alegando que estava interessado no controlo da companhia, o que não estava a conseguir.

O IAG transportou 57,8 milhões de passageiros nos primeiros seis meses do ano, menos 0,7% do que no ano anterior, embora a receita de passageiros tenha aumentado de 13,043 mil milhões de euros entre janeiro e junho de 2024 para 13,771 mil milhões de euros este ano.

Classe económica em queda nos EUA

A procura nos seus principais mercados, América do Norte, América Latina e Europa, é robusta, afirmou o grupo, que notou “alguma fraqueza” nas vendas de bilhetes da classe económica com origem nos Estados Unidos, embora este efeito seja compensado pelo forte desempenho das classes ‘premium’.

A Iberia registou um lucro antes de itens excecionais de 564 milhões de euros, um aumento de 200% face ao ano anterior, com uma receita total de 3,887 mil milhões de euros, um aumento de 11,4%, dos quais 2,855 mil milhões de euros foram receitas de passageiros (aumento de 4,9%).

Já a British Airways obteve um lucro de 824 milhões de euros (antes de itens excecionais), um aumento de 270%.

No final do semestre, a IAG tinha uma dívida líquida de 5,459 mil milhões de euros, menos 2,06 mil milhões de euros do que no ano anterior, e tinha pouco mais de 12 mil milhões de euros de liquidez (menos 1,34 mil milhões de euros do que em junho de 2024).

As perspetivas para o ano completo apontam para um bom crescimento dos lucros, progressão das margens e forte retorno para os acionistas este ano, apesar do cenário de incerteza geopolítica e macroeconómica, refere o comunicado da empresa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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