Salários em atraso na Global Media dão origem a queixas na ACT
Sindicato dos Jornalistas e SITE-Norte apresentaram denúncia perante incumprimento de promessas da administração
Sindicato dos Jornalistas e SITE-Norte apresentaram denúncia perante incumprimento de promessas da administração
Editor-adjunto de Economia
A “promessa” obtida pelo presidente executivo da Global Media de que o fundo de investimento World Opportunity Fund (WOF) faria uma transferência de dinheiro — que permitiria pagar os salários em atraso no início desta semana — acabou por não se concretizar. José Paulo Fafe comunicou a alguns trabalhadores na segunda-feira que afinal os salários de dezembro deveriam ser pagos “no máximo até quarta ou quinta-feira”, dizendo que era esse o seu “desejo”, mas que estava dependente da concretização da transferência.
Uma situação que fez aumentar a contestação dos trabalhadores, que ameaçaram avançar para pedidos de suspensão de contratos — um mecanismo que lhes permite receber subsídio de desemprego enquanto suspendem o trabalho até que a situação seja resolvida. Esta quinta-feira os trabalhadores do Jornal de Notícias e de O Jogo vão reunir-se em plenário para decidir se avançam em conjunto para um pré-aviso de suspensão dos contratos de trabalho.
Perante os atrasos no pagamento dos salários dos trabalhadores da área da imprensa — “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias” e “O Jogo” —, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) apresentaram esta quarta-feira uma denúncia na Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT). Os trabalhadores das outras empresas do grupo — Rádio Notícias (TSF), Rádio Comercial Açores, “Açoriano Oriental”, a gráfica Naveprinter e a Notícias Direct — já receberam o salário de dezembro.
O SITE-Norte já tinha denunciado a falta de pagamento do subsídio de Natal, avançando agora com um aditamento a essa queixa. Já o SJ solicitou uma “investigação urgente às contas”.
A resolução do impasse no grupo, com divergências profundas entre o acionista maioritário (o fundo que controla 50,25%), e os acionistas minoritários, pode passar por três vias: uma decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que suspenda os direitos patrimoniais e de voto do WOF, uma decisão favorável à providência cautelar apresentada por Marco Galinha, acionista com 17,59% e presidente do Conselho de Administração, e a concretização de alguma das propostas e manifestações de interesse já formalizadas para comprar o grupo. São já sete e estão a ser avaliadas.
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