O Governo vai criar um mecanismo para permitir reduzir e estabilizar durante dois anos as prestações do crédito à habitação. Os detalhes continuam a ser ultimados e só ficarão fechados nos próximos dias para serem aprovados no Conselho de Ministros da próxima semana. Ao que o Expresso conseguiu apurar junto de fontes governamentais, as famílias com empréstimos passam a poder optar pela solução que reduzirá de imediato a taxa de juro associada ao crédito, fixando o valor a pagar mensalmente durante dois anos. Após este período, de forma gradual, a redução será compensada nas prestações seguintes até ao fim do empréstimo. Na prática, as famílias acabam por pagar o mesmo — e os bancos por receber o mesmo — mas o valor da dívida e o atual esforço criado pela subida das taxas de juro será distribuído de forma mais estável no tempo. Principalmente nesta fase em que as taxas Euribor estão em máximos de vários anos. A expectativa é que, daqui a dois anos, já tenham descido e seja possível acomodar sem sobressaltos a compensação.
A ideia está a ser trabalhada pelo Ministério das Finanças em conjunto com o Banco de Portugal (BdP), uma vez que há questões de gestão bancária que importa acautelar, nomeadamente o impacto nulo para os bancos após o fim desta espécie de ‘moratória’ de parte dos juros. Não há valores fechados, mas, sabe o Expresso, poderá andar em redor de 75% da atual Euribor, ou seja, em vez de pagarem uma prestação sobre a totalidade do indexante — que anda agora nos 4,040% a 6 meses e nos 4,159% a 12 meses — pagariam apenas sobre três quartos. Seriam cerca de 3% (mais spread) em vez de 4%. Na prática, permitirá reduzir em cerca de €60 a prestação mensal por cada €100 mil de empréstimos a 30 anos. Ou seja, num crédito de €300 mil, a prestação diminuiria quase €180 — de €1520 para €1347 — e num contrato de €200 mil passaria de €1013 para €898. Clientes com prazos de empréstimos mais curtos, de 20 ou 10 anos, por exemplo, teriam descidas ligeiramente inferiores em valor absoluto (€52 e €48 por cada €100 mil, respetivamente) mas bastante inferiores em termos proporcionais.
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