"Perigo de fuga": Álvaro Sobrinho obrigado a pagar €6 milhões se quiser sair de Portugal

Defesa vai recorrer do agravamento da medida de coação decidida por Carlos Alexandre
Defesa vai recorrer do agravamento da medida de coação decidida por Carlos Alexandre
Jornalista
Álvaro Sobrinho vai ter de prestar uma caução de 6 milhões de euros e, até fazê-lo, não pode sair de Portugal – não podendo, por exemplo, viajar para Angola. Esta foi a medida de coação determinada pelo juiz de instrução Carlos Alexandre no âmbito do processo-crime aberto em 2011 que investiga suspeitas de crimes como burla e abuso de confiança qualificados ligados a alegados desvios no Banco Espírito Santo Angola (BESA).
“Temos uma medida de coação de 6 milhões, a prestar por qualquer meio admitido em direito e da qual nós vamos interpor recurso”, afirmou o advogado Artur Marques de Sobrinho à porta do Campus de Justiça, em, Lisboa, em declarações transmitidas pela RTP3.
O valor é idêntico à caução que foi aplicada a Manuel Pinho, no caso da EDP, igualando o montante mais elevado aplicado até aqui pela justiça portuguesa.
“Até prestar a caução, não pode sair de Portugal”, explicitou o advogado. A CNN adianta que após pagar a caução, não poderá sair do espaço Schengen.
Aos jornalistas, o advogado não adiantou se havia mais medidas aplicadas ao antigo presidente executivo do BESA. A CNN menciona que foi também determinado o arresto de contas e imóveis, como o Estoril-Sol.
O recurso deve-se à discordância face ao motivo do agravamento da medida de coação. “Este é um processo que começou em 2011 em relação ao qual não há um mínimo incumprimento da parte do arguido. Sempre deu a sua colaboração nesse sentido à justiça. Naturalmente que isso é um elemento que nos faz discordar da fundamentação desta medida, que consistiu no perigo de fuga”, continuou o advogado.
O antigo líder do BES, Ricardo Salgado que há dias foi condenado no primeiro processo-crime a seis anos de prisão por abuso de confiança, também viu a sua medida de coação agravada, enquanto espera pelos recursos para instâncias superiores. Tem de pedir autorização ao tribunal para poder deslocar-se para o estrangeiro, tendo também de entregar o passaporte. A defesa do ex-banqueiro atribuiu a decisão à fuga de João Rendeiro que também não tinha medidas de coação apertadas apesar de sucessivas condenações em tribunal.
Burla e abuso de confiança são os crimes apontados pelo Ministério Público no processo-crime iniciado em 2011, que olha para a apropriação indevida de verbas do Banco Espírito Santo Angola superiores a 500 milhões de dólares (455 milhões de euros, ao câmbio atual).
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