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Gil do Carmo, filho de Carlos do Carmo, lança fado para celebrar a vida do pai. Ouça-o com o Expresso

Carlos do Carmo e Gil do Carmo
Carlos do Carmo e Gil do Carmo
Arquivo pessoal Gil do Carmo

Quis ser uma partilha, resultou numa homenagem. A canção que Gil do Carmo gostaria de ter cantado num dueto com o seu pai é lançada esta terça-feira, o dia em que Carlos do Carmo cumpriria mais um aniversário, e em que é homenageado num concerto na Altice Arena, em Lisboa, que não contará com a presença de Gil. É também a afirmação do desejo do filho mais novo do fadista procurar inspiração nas ruas da capital antecipando um novo álbum, previsto para 2022, que recua às gravações da sua avó Lucília. Conheça ‘Fado Breve’ em primeira mão

“Fado Breve” tem um apontamento de rap. É um fado com rap ou fado “rapado”?
Não sei enquadrar. Foi escrito para fazer um dueto com o charmoso.

Chamava-lhe sempre charmoso?
Sim, muitas vezes; e, sempre que me queria meter com ele dizia: “Como é, charmoso?” Era uma brincadeira carinhosa. Quem lhe pôs esta alcunha foi o Ary dos Santos e o Paulo de Carvalho. No núcleo duro dos amigos dele, sempre lhe chamaram charmoso. Portanto, o nome foi ficando. Claro que continuei sempre a chamar-lhe pai.

Voltando à história do “Fado Breve”...
Eu faço este fado em 2018, quando o meu pai diz que se vai retirar, para entrar no último disco. Mas a saúde trai-o, e sendo ele o guerreiro que é, já não o consegue fazer. Na altura, deixo aquela parte do “rap” em branco, com o intuito de eu fazer uma graça, mas a gravação do último disco torna-se muito difícil. Ou seja, este “Fado Breve”, não seria, teoricamente, para entrar no meu disco, mas no disco dele, e a letra que escrevi pretendia corresponder à forma como o charmoso encarava a vida. Era uma despedida, não sendo uma despedida. Situava-se entre o destino e a brevidade da vida, fazendo essa graça, até por ele ter, literalmente, vivido tanto tempo no limiar da sobrevivência. Essa parte ‘rapada’ foi escrita para homenageá-lo. Como ele não chegou a gravá-lo, achei que seria uma forma de celebrar a vida e o canto dele.

Chegou a ter uma reação do seu pai?
Na altura, disse-me: “Olha filho, para já, a primeira malha para a guitarra portuguesa é original. Dá-me a sensação que é inovadora e é orelhuda.”

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