“Isto tem tudo para correr bem", assegura um bombeiro sapador de Lisboa enquanto vai encaminhando pais e crianças para dentro do Pavilhão 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL). São 9h e a vacinação contra a covid-19 das crianças entre os 11 e os 9 anos está prestes a começar. As pessoas vão sendo distribuídas por três filas consoante as horas marcadas, e várias crianças vão cumprimentando o Tinoni, a mascote infantil da Proteção Civil, que acena de volta.
Neste espaço inicial, um rapaz de chuteiras fluorescentes quebra a ordem das filas para abraçar a mãe, agente da Proteção Civil em serviço, antes de retomar o seu lugar junto do pai. Não está assustado, está entusiasmado.
“Viemos hoje porque é um dever de todos nós. Devemos acreditar na ciência”, frisa Carla Geada, sentada ao lado do filho, já na fase do recobro. O filho tem 11 anos, “muitas atividades extracurriculares”, a vacina vai tornar o dia-a-dia mais prático. “Lá fora estava muita gente e foi um pouco confuso porque as pessoas vieram muito cedo. Mas correu tudo bem. Tinha marcação para as 9h05 e essa hora já estávamos com o enfermeiro para receber a vacina.” E doeu muito? O rapaz esconde-se nos óculos e acena com a cabeça negativamente, antes de confirmar: “[O enfermeiro] foi muito simpático.”
Graça Freitas, directora-geral da Saúde, entra no edifício poucos minutos antes das 10h: garante que não está de serviço, “vim só cumprimentar toda a gente e agradecer pelo trabalho”, mas acaba por comentar os dados que indicam que este sábado serão vacinadas cerca de 1300 crianças neste pavilhão da FIL, com capacidade para seis mil inoculações diárias. “É um número normal para um primeiro dia de vacinação, com o passar do tempo vai aumentar”, assegura.
A responsável máxima da DGS tem sucesso entre os mais novos. O tom é genuíno: apesar de algumas crianças não saberem quem ela é, Graça Freitas não desarma na simpatia: “Estás muito gira”, e este elogio feito a uma rapariga de máscara cor-de-rosa não é exemplo único. Enquanto visita os postos médicos onde as vacinas são administradas, muitos pais pedem-lhe uma selfie ou uma fotografia com os filhos. Outros tentam: "Queres tirar uma foto com a senhora? Queres, filha?”, insiste uma mãe entusiasmada. Mas a filha, que acaba de receber a pica, não está para aí virada.
“O contexto escolar pesou na decisão, porque no último ano lectivo ela esteve várias vezes em isolamento profilático”, explica Diogo Fernão Pires, enquanto espera pela vez da sua filha. “Eu e a mãe dela estamos divorciados, mas concordamos logo que era a melhor opção. Eu tenho outro filho de 4 anos e se pudesse vacinava-o já”, assegura este pai, antes de apontar: nesta altura de festa, é preciso “proteger toda a família.”